Segue abaixo um trecho do livro, O Cordeiro: o
evangelho segundo Biff , o brodher de infância de cristo. Christopher Moore -
Bertrand Brasil - 2000. pp.466-469.
O sermão da
Montanha:
Como qualquer
discurso, o sermão da montanha soa como se tivesse acontecido de modo
espontâneo, quando, na verdade, Josué
(Jesus) e eu trabalhamos nele por mais de uma semana. (...) Josué desejava devotar uma grande seção
ao adultério, motivado em grande parte , percebo agora, por meu relacionamento
com Madá. Ele disse:
- Escreva: "Se um homem olhar para uma mulher com luxúria em seu coração, estará cometendo adultério."
- Jura que quer escrever isso mesmo? E esse: " Se uma mulher divorciada se casar novamente, estará cometendo adultério?"
- Também.
- Parece um pouco pesado. Coisa de fariseu.
- Tinha algumas pessoas em mente. Com estamos?
- "Em verdade vos digo"... Sei que você diz "em verdade" quando está falando em adultério...de qualquer forma: "Em verdade vos digo, se um homem esfregar o corpo nu de uma mulher com óleo, e a fizer ficar de quatro e ganir com um cachorro, enquanto busca conhecê-la, se entende o que quero dizer, então ele estará cometendo adultério, e claro que se a mulher fizer o mesmo, bom ela também estará embarcando na carruagem dos adúlteros. E se uma mulher fingir ser uma rainha poderosa, e fizer o homem de seu escravo, e chamar de apelidos humilhantes, e o fizer lamber seu corpo, então sem dúvida ambos estarão pecando como cachorros grandes...e ai do homem que fingir ser uma rainha poderosa e...."
- Já chega Biff.
- Mas você quer ser específico, não quer? Você não quer que as pessoas andem por ai imaginando: " Ei, isso é adultério ou o quê? Talvez vocês devessem inverter as posições."
- Não tenho certeza se ser específico é uma boa ideia.
- Tudo bem, e quanto a isso: " Se um homem ou uma mulher tiver qualquer contato com suas respectivas partes íntimas, então é provável que esteja cometendo adultério, ou pelo menos deveria considerar a possibilidade."
- Bom, talvez mais específico do que isso.
- Vamos lá Josué. Isto não é tão simples quanto "não matarás". Basicamente, nesse caso existe um corpo, e portanto um pecado, certo?
- É, o adultério pode ser complicado.
- Bom, é.....olha uma gaivota!
- Biff, aprecio o fato de você se senti obrigado a advogar em favor dos seus pecados prediletos, mas não é disso que estou precisando agora. Preciso que você me ajude a escrever esse sermão. Como estamos indo com as Bem-aventuranças?
- Como?
- As benção.
- Temos: Abençoados os que sentem fome e sede em nome da justiça; abençoados os pobres de espírito, os puros de coração, os queixosos, os mansos, os....
- Espera ai, o que estamos dando para os mansos?
- Vejamos....ah, aqui: abençoados os mansos, pois para eles diremos: "é isso ai!"
- Meio fraco.
- É mesmo.
- Vamos deixar que os mansos herdem a terra.
- Você não pode dar a terra para os queixosos?
- Bom, então corta fora os queixosos e dá a terra aos mansos.
- Tudo bem. Terra para os mansos. Aqui vamos nós. Abençoados os pacificadores, o que choram e é isso.
- Quantos tem?
- Sete.
- Não é suficiente. Precisamos de mais um. Que tal os idiotas?
- Não Josué, os idiotas não. Você já fez o suficiente pelos idiotas. Natanael, Tomé....
- Abençoados os idiotas, por que eles, ah.....sei lá....eles nunca ficarão desapontados.
- Não, os idiotas ficam fora. Vamos lá Josué, por que a gente não pode incluir alguns poderosos no time? Por que precisamos de mansos, pobres, oprimidos e ferrados? Por que não podemos pelo menos uma vez, abençoar os caras ricos e poderosos com suas espadas?
- Porque eles não precisam de nós.
- Tudo bem, mas sem "abençoados os idiotas".
- Então quem?
- As prostitutas?
- Não.
- Que tal os punheteiros? Consigo pensar em uns cinco ou seis discípulos que seriam realmente abençoados.
- Sem punheteiros. Já sei: abençoados o que são perseguidos por causa da justiça.
- Melhor. O que vai dar a eles?
- Uma cesta de frutas.
- Você não pode dar aos mansos a terra inteira e a esses caras uma cesta de frutas.
- Dê a eles o reino dos céus.
- Você já deu isso aos pobres de espírito.
- Todo mundo precisa ganhar alguma coisa.
- Tudo bem, então eles podem "compartilhar o reino dos céus".
- Anotei tudo.
- A gente podia dar a cesta de frutas aos idiotas.
- IDIOTAS NÃO!
- Desculpa, é que sinto pena deles.
- Você sente pena de todo mundo Josué. Faz parte do seu trabalho.