segunda-feira, novembro 03, 2014

A DIVISÃO PSEUDOVIRTUAL DO BRASIL.

Após as eleições não faltou quem defendesse uma ruptura entre sul e norte do país. Alguns chegaram a propor um muro, onde o Brasil de “verdade”, o lado produtivo, estaria um pouco acima da região meridional, enquanto a “Nova Cuba”, com sua “massa de manobra”, estaria mais próxima da linha do equador. Os ataques, aos que optaram pelo governo do PT, circulavam nas redes sociais, carregados de preconceitos, munidos por ódio e ironia, demandavam um país que deveria estar em luto ao invés de estar celebrando a festa democrática. Um grave equívoco. 
Foi o Brasil quem definiu pela continuidade deste governo que ai está, não foram os nordestinos, ou os mineiros, mas 54 milhões de brasileiros que decidiram a não alternância de poder, pelo menos, não esta representada pelo PSDB. Destes, 28 milhões de eleitores são das regiões sul e sudeste, outros 26 milhões, do norte, nordeste.
Para aplacar de vez às vozes que alertam para um país dividido, basta verificarmos que nos quatro maiores colégios eleitorais (São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e Bahia), o PT venceu em três. É claro que o nordeste tem sua importância, um exemplo, está no que ocorreu em Pernambuco. Após a morte de Eduardo Campos, o PSB decidiu lançar Marina na disputa presidencial, no 1º turno, Pernambuco elegeu a candidata por maioria esmagadora. Aécio ao receber o apoio de Marina no 2º turno, disse que os 20 milhões de eleitores que escolheram a candidata o fizeram porque queriam mudança, mas negligenciou que tais eleitores escolheram Marina como via alternativa à polarização PT – PSDB. Todavia, diante da opção por um dos dois partidos, o eleitor de Marina Silva, voltou-se inteiramente para a candidata do PT ignorando por completo a aliança entre a família de Campos com o PSDB, dos 4,9 milhões de eleitores Pernambucanos, 70% votaram em Dilma.
Minas também teve sua importância neste pleito, o Estado onde o candidato do PSDB já havia perdido no 1º turno, confirmou sua preferência por Dilma. Um erro estratégico? No 2º turno,  o segundo maior colégio eleitoral do país, 11 milhões de eleitores foram às urnas, apesar da vitória esmagadora de Aécio em Belo Horizonte, em todo Estado 5,9 milhões optaram pela candidata do PT. Ainda no sudeste Dilma obteve 4,5 milhões de votos no Rio de Janeiro e 8,5 milhões em São Paulo. Somente os votos de São Paulo, Rio e Minas deram a candidata 19 milhões de votos, mais que ela recebeu em todo o nordeste (16 milhões).
A tese do país dividido é infundada, mais fácil seria defender o quanto inoperante foi o governo de PSDB para as regiões norte e nordeste ao longo de seus 20 anos de supremacia na política brasileira. Os eleitores destas regiões há muito rejeitam os candidatos do partido (Serra, Alkimin e Aécio), por não haver quaisquer identificações com as propostas do partido e seus candidatos. Foi à negligência política do PSDB a estas regiões por duas décadas que contribuiu para a quarta derrota consecutiva para o PT. Mas isso, por si só, não deve reduzir o volume de votos que Dilma conquistou dos eleitores nas outras regiões do país.
O Brasil não está, dividido, não há uma luta de classes, não há um país que produz e outro que vive das benesses da união. O nordeste foi o Estado que mais cresceu nestes últimos anos, em 2014 seu crescimento foi superior à média nacional, uma infinidade de investimentos está sendo feitos por lá, no primeiro trimestre de 2014 mais de 60% dos postos de trabalho no país foram criados no nordeste. A região obteve um crescimento de 58% do PIB entre 2002 e 2013, enquanto a média nacional ficou em 47%. Quanto aos indicadores educativos, no intervalo de 10 anos ocorreu um aumento de 103% de matrículas nas Universidades Públicas. Atualmente o nordeste conta com 32 instituições públicas de ensino superior, das quais destaco a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Universidade Federal do Cariri (UFCA), Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), Universidade Federal do Sul da Bahia (UFESBA) e Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA).
O Brasil produtivo está espalhado, a participação do nordeste no PIB nacional em 2011 era de 13.4%, muito próximo já dos 16,2 da região sul para o mesmo período. Se reunirmos o PIB das regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste chegaremos a 28,4% do total produzido no país. Se retirarmos o sudeste da comparação, cuja participação é de 55.4%, não há muitas disparidades entre as regiões excetuando-se o Norte. Enquanto aguardamos novas projeções, os investimentos para o nordeste podem colocá-lo como protagonista no desenvolvimento nacional, quatro projetos são destaques neste cenário; o PECEM (Projeto Industrial Portuário CE), no valor de US$ 7 Bilhões; a fábrica da FIAT em Pernambuco com US$ 2 Bilhões; a SUAPE (Complexo Industrial Portuário – PE), no valor de 26,1 US$ Bilhões e mais US$ 15 Bilhões de investimentos em Camaçari (BA), na Região Metropolitana de Salvador.  Por outro lado, a região sul, registrou recorde de exportações no ano de 2013, um aumento de 18,19% em comparação com 2012, passando de 44 para US$ 52 Bilhões. É por este Brasil que devemos lutar, do norte ao sul, do leste ao oeste.  

Algumas Fontes:
Crescimento do Nordeste:
Universidades do Nordeste:
PIB POR REGIÃO:
Exportações:
Mapa Eleitoral: