Após as eleições não faltou quem
defendesse uma ruptura entre sul e norte do país. Alguns chegaram a propor um
muro, onde o Brasil de “verdade”, o lado produtivo, estaria um pouco acima da
região meridional, enquanto a “Nova Cuba”, com sua “massa de manobra”, estaria mais
próxima da linha do equador. Os ataques, aos que optaram pelo governo do PT,
circulavam nas redes sociais, carregados de preconceitos, munidos por ódio e
ironia, demandavam um país que deveria estar em luto ao invés de estar
celebrando a festa democrática. Um grave equívoco.
Foi o Brasil quem definiu pela
continuidade deste governo que ai está, não foram os nordestinos, ou os
mineiros, mas 54 milhões de brasileiros que decidiram a não alternância de
poder, pelo menos, não esta representada pelo PSDB. Destes, 28 milhões de
eleitores são das regiões sul e sudeste, outros 26 milhões, do norte, nordeste.
Para aplacar de vez às vozes que
alertam para um país dividido, basta verificarmos que nos quatro maiores
colégios eleitorais (São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e Bahia), o PT venceu em
três. É claro que o nordeste tem sua importância, um exemplo, está no que
ocorreu em Pernambuco. Após a morte de Eduardo Campos, o PSB decidiu lançar
Marina na disputa presidencial, no 1º turno, Pernambuco elegeu a candidata por
maioria esmagadora. Aécio ao receber o apoio de Marina no 2º turno, disse que
os 20 milhões de eleitores que escolheram a candidata o fizeram porque queriam
mudança, mas negligenciou que tais eleitores escolheram Marina como via
alternativa à polarização PT – PSDB. Todavia, diante da opção por um dos dois
partidos, o eleitor de Marina Silva, voltou-se inteiramente para a candidata do
PT ignorando por completo a aliança entre a família de Campos com o PSDB, dos
4,9 milhões de eleitores Pernambucanos, 70% votaram em Dilma.
Minas também teve sua importância
neste pleito, o Estado onde o candidato do PSDB já havia perdido no 1º turno,
confirmou sua preferência por Dilma. Um erro estratégico? No 2º turno, o segundo maior colégio eleitoral do país, 11
milhões de eleitores foram às urnas, apesar da vitória esmagadora de Aécio em
Belo Horizonte, em todo Estado 5,9 milhões optaram pela candidata do PT. Ainda
no sudeste Dilma obteve 4,5 milhões de votos no Rio de Janeiro e 8,5 milhões em
São Paulo. Somente os votos de São Paulo, Rio e Minas deram a candidata 19
milhões de votos, mais que ela recebeu em todo o nordeste (16 milhões).
A tese do país dividido é
infundada, mais fácil seria defender o quanto inoperante foi o governo de PSDB
para as regiões norte e nordeste ao longo de seus 20 anos de supremacia na
política brasileira. Os eleitores destas regiões há muito rejeitam os
candidatos do partido (Serra, Alkimin e Aécio), por não haver quaisquer identificações
com as propostas do partido e seus candidatos. Foi à negligência política do
PSDB a estas regiões por duas décadas que contribuiu para a quarta derrota
consecutiva para o PT. Mas isso, por si só, não deve reduzir o volume de votos
que Dilma conquistou dos eleitores nas outras regiões do país.
O Brasil não está, dividido, não
há uma luta de classes, não há um país que produz e outro que vive das benesses
da união. O nordeste foi o Estado que mais cresceu nestes últimos anos, em 2014
seu crescimento foi superior à média nacional, uma infinidade de investimentos
está sendo feitos por lá, no primeiro trimestre de 2014 mais de 60% dos postos
de trabalho no país foram criados no nordeste. A região obteve um crescimento
de 58% do PIB entre 2002 e 2013, enquanto a média nacional ficou em 47%. Quanto
aos indicadores educativos, no intervalo de 10 anos ocorreu um aumento de 103%
de matrículas nas Universidades Públicas. Atualmente o nordeste conta com 32
instituições públicas de ensino superior, das quais destaco a Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Universidade Federal do Vale do São
Francisco (UNIVASF), Universidade Federal do Cariri (UFCA), Universidade Federal
do Oeste da Bahia (UFOB), Universidade Federal do Sul da Bahia (UFESBA) e
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA).
O Brasil produtivo está
espalhado, a participação do nordeste no PIB nacional em 2011 era de 13.4%,
muito próximo já dos 16,2 da região sul para o mesmo período. Se reunirmos o
PIB das regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste chegaremos a 28,4% do total
produzido no país. Se retirarmos o sudeste da comparação, cuja participação é
de 55.4%, não há muitas disparidades entre as regiões excetuando-se o Norte.
Enquanto aguardamos novas projeções, os investimentos para o nordeste podem
colocá-lo como protagonista no desenvolvimento nacional, quatro projetos são
destaques neste cenário; o PECEM (Projeto Industrial Portuário CE), no valor de
US$ 7 Bilhões; a fábrica da FIAT em Pernambuco com US$ 2 Bilhões; a SUAPE
(Complexo Industrial Portuário – PE), no valor de 26,1 US$ Bilhões e mais US$
15 Bilhões de investimentos em Camaçari (BA), na Região Metropolitana de
Salvador. Por outro lado, a região sul,
registrou recorde de exportações no ano de 2013, um aumento de 18,19% em comparação
com 2012, passando de 44 para US$ 52 Bilhões. É por este Brasil que devemos
lutar, do norte ao sul, do leste ao oeste.
Algumas Fontes:
Crescimento do Nordeste:
Universidades do Nordeste:
PIB POR REGIÃO:
Exportações:
Mapa Eleitoral: