No mundo
contemporâneo aprendemos a valorizar os decididos. As relações se pautam na
dicotomia do sim e do não. Por isso é que se espera das pessoas a certeza e a
clareza do que querem. Ensinamos aos nossos filhos tal virtude, ou seja, o sim, sim e o não, não. Acreditar que a vida é
uma dialética entre afirmativas e negativas, certo e errado, bom e mau, é
provavelmente, mais um dos nossos muitos enganos sociais. A dicotomia sim/não
pode tanto alimentar uma série de expectativas que fazemos da vida, quanto pode
nos conduzir a um falso niilismo. Assim, vivemos frustrados ou ansiosos sobre as
expectativas que fazemos quando estas são baseadas em sim e não.
Recentemente
me deparei com uma categoria conceitual bastante intrigante; o talvez. O talvez é o incógnita, e como todo incógnita
não é bem visto socialmente. A vida, porém, é muito mais um somatório de
talvez, do que certezas. Talvez estejamos vivos amanhã, talvez não. Talvez vivamos
felizes, talvez não. Talvez sejamos queridos por muitos, talvez morreremos
solitários. Talvez a pessoa que você está pronto pra amar lhe retribua abrindo
seu coração ou talvez ela o considere, embora ame outro. Talvez sejamos pais
afetuosos e recebamos na velhice o afeto de nossos filhos como fruto da semente
plantada, talvez priorizemos nossa vida profissional e social e terminaremos
bem sucedidos, mas isolados da família.
O talvez é
um quem sabe, um pode ser, ou, um nunca se sabe. O talvez pode ser aquilo que é
provável ou improvável, a possibilidade ou a impossibilidade. A incerteza que
está por trás deste senão só pode ser superada pela vontade, pela coragem e
pela determinação de transformar o talvez em um certamente. Talvez um dia eu
termine esta crônica...
Jonatas