quinta-feira, maio 22, 2014

Pai-ternidade

Muito se fala sobre a maternidade, essa experiência transcendental, que se inicia tão logo a mulher se dá conta de que foi fecundada e, cujo instinto (maternal), cresce assustadoramente ao mesmo ritmo da barriga ao chegar nos nove meses. Maternidade é um conceito incrível, o termo ma-ternidade é a junção de mãe com ternura. A mãe é então esse ser sublime, ma-e-terno, responsável mor pela continuidade da espécie humana.
Mas e o pai? Existe pa-ternidade? O que dizer sobre este ser que, no geral (pois há exceções), por mais esforçado, jamais poderá ser comparado com uma mãe. Creio que não sabemos o que é ser pai até que nossos filhos atinjam certa idade (no meu caso, acho que foi quando fizeram uns dez anos...rs). Ao contrário da mãe, que já inicia a relação no ventre, o homem só começa se relacionar com sua cria bem mais tarde. Nos primeiros meses, totalmente dependente da mãe, um filho é um ser totalmente estranho ao homem... o pai torna-se no máximo um auxiliar de maternidade. A vida que a sociedade nos impõe, carrega-nos para fora de nosso lar, quanto mais tempo fora (teoricamente), mais dinheiro dentro de casa. Nesta busca frenética eu passei mais de dez anos assim... vendo meus filhos crescerem de longe....contatos de final de semana.
Neste interregno minha filha Júlia deixou de ser aquela criancinha rechonchuda e se tornou uma moça, uma moça linda, graciosa e de ótimo caráter. Sua alegria, espontaneidade e ternura me faz sentir um pai perfeito, infalível, mesmo tendo total consciência de que não sou nada disso.  É ela que me causa esse sentimento de ser o melhor de todos os pais. Talvez eu tenha amadurecido, talvez eu seja melhor com adolescentes do que com crianças. Acredito, porém, que o mais certo é que a Juju é grande responsável por sermos tão próximos, pois é ela que coloca minhas virtudes acima de meus defeitos por mais que estes sobressaiam. Ser pai da Júlia tem sido uma experiência feliz, singular, uma trajetória cheia de boas surpresas.
A Júlia tem algo que nem sempre é comum nas pessoas, ela corresponde ao significado de seu nome, “cheia de júbilo”. É assim que ela é, irradia alegria por onde passa, é autêntica, extrovertida e sincera. Ela despertou em mim a pai-ternidade. Hoje me sinto um pai realizado, tenho dois filhos maravilhosos, tenho certeza, todavia, que só se tornaram o que são, pela maternidade que tiveram e não pela paternidade...considero-me um mero coadjuvante nesta tarefa, mas um coadjuvante feliz, um expectador e observador do desenvolvimento desses dois seres fantásticos que tenho orgulho de chamar de filhos.
Juju, hoje faz 16 anos, o mundo ainda será coberto por seu júbilo....e, será um mundo melhor por isso!

Te amo!!! 

quinta-feira, abril 17, 2014

Reflexões sobre a Páscoa

Após ouvir em um tele jornal que as pessoas não sabem explicar o significado da semana santa...lembrei de um velho artigo do Luiz Fernando Veríssimo sobre as complicadas explicações à respeito desse tema. Segue Abaixo: 

DÚVIDAS PASCAIS
Luiz Fernando Veríssimo

Filho — Papai, o que é Páscoa?
Pai — Ora, Páscoa é… bem… uma festa religiosa.
Filho — Igual o Natal?
Pai — Parecido. Só que no Natal comemora—se o nascimento de Jesus; na Páscoa, se não me engano, comemora—se sua ressurreição.
Filho — Ressurreição?
Pai É, ressurreição. Marta, vem cá!
Mãe — Sim?
Pai — Explica pra esse garoto o que é ressurreição pra eu poder ler meu jornal.
Mãe — Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendeu?
Filho — Mais ou menos. Mamãe, Jesus era um coelho?
Mãe — Que é isso filho? Não me fale uma bobagem dessas! Coelho! Jesus Cristo é o Papai do Céu! Nem parece que esse filho foi batizado! Jorge, esse filho não pode crescer desse jeito, sem ir numa missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma educação cristã! Já pensou se ele soltar uma besteira dessas na escola? Deus me perdoe! Amanhã mesmo vou matricular esse moleque no catecismo!
Filho — Mas Mamãe, o Papai do Céu não é Deus?
Mãe É filho, Jesus e Deus são a mesma coisa. Você vai estudar isso no catecismo. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.
Filho — O Espírito Santo também é Deus?
Mãe É sim.
Filho — E Minas Gerais?
Mãe — Sacrilégio!
Filho É por isso que a Ilha da Trindade fica perto do Espírito Santo?
Mãe — Não é o Estado do Espírito Santo que compõe a Trindade, meu filho, é o Espírito Santo de Deus. É um negócio meio complicado, nem a mamãe entende direito. Mas se você perguntar no catecismo a professora explica tudo certinho!
Filho — Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?
Mãe — Eu sei lá! É uma tradição. É como o Papai Noel, só que em vez de presentes, ele traz ovinhos.
Filho — Coelho bota ovo?
Mãe — Chega! Deixa-me ir fazer o almoço que eu ganho mais!
Filho — Papai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?
Pai — Era, era melhor, ou então urubu.
Filho — Papai, Jesus nasceu no dia 25 de dezembro, não é? Que dia que ele morreu?
Pai — Isso eu sei: na sexta-feira santa.
Filho — Que dia e que mês?
Pai — Hum… Sabe que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na sexta-feira santa e ressuscitou três dias depois, no sábado de aleluia.
Filho — Um dia depois.
Pai — Não, três dias.
Filho — Então morreu na quarta-feira.
Pai — Não, morreu na sexta-feira santa. Hum… ou terá sido na quarta-feira de cinzas ? Ah, garoto, vê se não me confunde! Morreu na sexta mesmo e ressuscitou no sábado, três dias depois ! Como? Pergunte à sua professora de catecismo!
Filho — Papai, por que amarraram um monte de bonecos de pano lá na rua?
Pai É que hoje é sábado de aleluia, e o pessoal vai fazer a malhação do Judas. Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.
Filho — O Judas traiu Jesus no sábado?
Pai — Claro que não! Ele morreu na sexta, ora!
Filho — Então por que eles não malham o Judas no dia certo?
Pai É, boa pergunta. Filho, atende ao telefone pro papai. Se for um tal de Rogério, diga que eu saí.
Filho — Alô, quem fala?
Rogério — Rogério Coelho Pascoal. Seu pai está?
Filho — Não, foi comprar ovo de Páscoa. Ligue mais tarde, tchau.
Filho — Papai, qual era o sobrenome de Jesus?
Pai — Cristo. Jesus Cristo.
Filho — Só?
Pai — Que eu saiba sim, por quê?
Filho — Não sei não, mas tenho um palpite de que o nome dele era Jesus Cristo Coelho. Só assim esse negócio de coelho da Páscoa faz sentido, não acha?
Pai — Coitada!
Filho — Coitada de quem?
Pai — Da sua professora de catecismo!

sexta-feira, março 07, 2014

Um pequeno ensaio sobre a memória.

O texto abaixo foi produzido para o evento: Memórias de Tamoios em Cabo Frio. 


“Aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”.[1]

Jonatas C. de Carvalho.

Quando recebi o convite para falar nesta noite, ao ouvi das professoras o que elas pretendiam com o projeto, duas ideias me ocorreram. A primeira foi imediata, consistia em descobrir como eu faria para relatar uma história que antecede a própria fundação da cidade de Cabo Frio em apenas 15 minutos. Em geral nós historiadores não cultivamos a habilidade da síntese, ao contrário preferimos a minuciosidade. Logo, espero superar este desfio. A outra ideia que me ocorreu é que ao invés de falar propriamente da história do desenvolvimento socioeconômico da região e das contribuições das diversas sociedades que por aqui passaram (sabendo que tais contribuições vocês poderão testemunhar na exposição ao fim desta solenidade), pensei que minha fala contribuiria mais se eu me detivesse sobre o próprio título deste projeto: Memórias de Tamoios. O que exatamente isso quer dizer? Acho importante pensarmos nisso, por que precisamos construir a memória de um lugar em específico? 

Começarei então com uma questão aparentemente mais obvia, mas que permitirá uma introdução reflexiva: o que é memória? Se consultarmos nossos dicionários encontraremos mais ou menos a seguinte definição: memória é a capacidade de adquirir (aquisição), armazenar (consolidação) e recuperar (evocar) informações que foram registradas pelo cérebro ao longo da vida de uma pessoa. É o que chamamos de memória biológica. Algumas pessoas ao longo de suas trajetórias, preocupadas com o esquecimento (um tipo de vírus capaz de esconder e às vezes deletar de nossas lembranças tais memórias), resolveram escrever sobre estas de modo a garantir a perpetuação dos acontecimentos testemunhados, conhecemos tais empreendimentos como “Livro de Memórias”. São inúmeros os exemplos, mas cito aqui apenas um que é “Memórias de um Sargento de Milícias” de Manuel Antônio de Almeida, cuja obra nos revela a chegada de famílias portuguesas no Rio de Janeiro do século XIX. Uma memória que nos permite compreender as mudanças sociais no Brasil com a chegada dos imigrantes. 

Como os homens desenvolveram a memória? A condição humana de recordar encantou tanto aos gregos que estes colocaram em seu panteão uma deusa: Mnemósine, que era filha de Urano e Gaia. Mas os gregos não estão sozinhos neste interesse, muitos povos cultivaram as artes da memória. Historiadores também procuraram desvendar a memória. No livro “O passado, a memória, o esquecimento” Paolo Rossi, historiador italiano, dedicou um capítulo sobre pessoas com um potencial além do normal de armazenar informações, um tipo de habilidade popularmente conhecida por “memória fotográfica”. A psicopatologia chama de transtorno de hipermnésia, aquelas pessoas que conseguem lembrar-se de todos os momentos de suas vidas desde a infância. Algumas delas enlouqueceram, é verdade, outras criaram métodos de lidar com sua memória; chama-se mnemotécnica. Rossi cita Pietro, um indivíduo que viveu nos anos 400 D.C. e que com vinte anos sabia de cor todo o código de direito civil, e conseguia repetir palavra por palavra de todas as aulas de todos os professores que ouviu durante sua passagem na universidade de Pádua. Por mais tentador que isso possa parecer, esquecer é um recurso fundamental para nossa saúde emocional e física, logo o ato de guardar na memória uma determinada lembrança, implica em esquecer outras tantas. 

Mas voltemos à primeira questão, o que queremos dizer com Memórias de Tamoios? Como um ente desprovido de um cérebro pode reclamar uma memória pra si? Vocês poderão me dizer que o sentido da real da frase seria “Memórias sobre Tamoios”, esta seria constituída pelas memórias dos que aqui viveram e vivem, lembranças repassadas oralmente pelos antepassados e registros dessas recordações. Isto, porém geraria alguns contratempos, pois as pessoas têm diferentes lembranças sobre o mesmo lugar, o que resultaria em contrainformações, vejamos um exemplo: Alguém poderia dizer que o primeiro médico de Tamoios fora o Dr. Joaquim, outro irá replicar que muito antes do Dr. Joaquim, o Dr. Antônio já atendia em sua casa na rua L, mais alguém contestará que a casa do Dr. Antônio na verdade era na rua G e que o Sr. Sebastião, embora não fosse médico e sim farmacêutico já tratava das pessoas aqui muito antes de haver médicos. Assim temos alguns impasses. 

E é ai que entra a História, esta não pode ser confundida com a memória. O historiador utiliza diversos métodos para desvendar o passado, um deles é confrontar a memória com outras fontes reunindo o maior número de fatos possíveis para confirmar um acontecimento. Por exemplo, a memória dos tempos da escravidão nesta região ainda está bem viva. Muitos aqui já ouviram falar sobre escravidão, até mesmo os mais jovens, há monumentos vivos entre nós para nos ajudar a lembrar deste tempo, os quilombolas que nos cercam são exemplos desses monumentos vivos. Mas quando localizamos um documento, como foi o caso do inventário feito pela coroa portuguesa da Fazenda Campos Novos na ocasião de sua venda ao Sr. Manoel Pereira Gonçalves em 1778, cujas informações presentes, encontra-se o registro do número de senzalas que ali havia (320/59), o nome e a média de idade de cada escravo e escrava com seus devidos valores ao lado. Tal registro, confrontado ou associado a memória da escravidão na região nos permite uma aproximação mais detalhada deste passado. 

A memória humana é seletiva por autopreservação, isto é registramos tudo que vemos, mas só armazenamos o que nos marca, aquilo que fez algum sentido, as lembranças inesquecíveis. Querer apagar a memória da escravidão de uma comunidade remanescente de escravos é como querer que você apague as lembranças de um ente querido que já partiu. Algumas lembranças, entretanto, são bloqueadas inconscientemente em nossa memória por terem sido traumáticas, assim passamos às vezes a vida toda sem trazê-las à tona, mas dependendo do quanto traumático foi tal lembrança, mesmo bloqueando-as elas podem nos atrapalhar. Poucas coisas são piores que um trauma psíquico, uma delas é o que chamamos de trauma social. Talvez tenha sido esse o motivo que levou Rui Barbosa em maio de 1891, quando era Ministro da Fazenda mandar fazer uma grande fogueira com os arquivos da escravidão. O romancista estadunidense negro, James Baldwin escreveu no início dos anos de 1960: “Enquanto nos recusarmos a aceitar o nosso passado, em lugar nenhum, em nenhum continente, teremos um futuro diante de nós (...). Tenha consciência de suas origens: se conhecer suas origens, ai não haverá limites que você não possa superar!”[2]

Se as memórias das pessoas são confrontantes, como decidir quais memórias devemos registar sobre determinado lugar. Eu e alguns colegas estamos elaborando o Projeto Executivo de Restauro da Fazenda Campos Novos, o que envolve decidir o que manter da sua estrutura atual e o que não manter, visando deixá-la o mais próximo da arquitetura jesuítica. A Fazenda é um quadrilátero, um solar com um pátio interno, no início do século XX um de seus proprietários resolveu construir neste pátio uma cisterna aparente, captando água dos quatro telhados que a cercava. Estávamos decididos a derrubá-la, por não ser “original”, e talvez ainda devamos retirá-la. Entretanto, recentemente recebi uma visita de uma senhora de uns setenta anos, acompanhada de seu filho e seus netos. A senhora disse que havia trabalhado nas terras da Fazenda nos anos de 1960 e que queria mostrar o lugar à família, num dado momento ela lembrou da existência da cisterna e eu a levei até o local. A senhora com a voz embargada nos revelou que caminhava toda manhã com um balde de barro sobre a cabeça por quilômetros para buscar água ali, pois era o local mais próximo com água potável na redondeza. O modo como àquela senhora se emocionou deixou claro o quanto a cisterna teve importância para ela, mas como a memória de uma pessoa deve servir de justificativa e tornar-se relevante ao ponto de determinar se se deve ou não destruir um bem, ou um monumento? Aquela senhora nos revelou que o proprietário da Fazenda permitia a cada colono retirar um balde de água por dia da cisterna, e que tinha que ser pela manhã, então toda manhã uma fila, que em geral era de mulheres, era formada para retirar sua cota diária de água potável. Este fato muda o valor da memória, pois não se trata de uma memória individual, mas coletiva. Há muitos exemplos de memória coletiva, alguns são bem clássicos, a escravidão, já citada aqui é um deles, o holocausto é outro, há memórias das grandes guerras e muitas outras. Aqui no Brasil criou-se as “Memórias dos anos de chumbo” uma referência ao período dos governos de exceção, este tipo de memória coletiva, são mais fáceis de determinar, pois há um evento em comum que atinge um grupo específico de pessoas. 

Mas como definir as memórias de uma cidade, de um distrito ou de uma comunidade ao longo da história? Este questionamento nos leva irremediavelmente a outro, que é: que memória queremos construir de nós mesmos? Que memória devemos fazer perpetuar para gerações seguinte? Estas duas questões carregam em si uma afirmação dada, aquilo que hoje conhecemos como memória social de um povo é uma construção deliberada. Quando o Brasil tornou-se uma república viu-se a necessidade de criar heróis republicanos, já que o império havia construído monumentos suficientes para lembrar ao povo que este tinha um imperador que lhes assistia. Hoje, entretanto, não há mais razões para ocultarmos nosso passado, não há necessidade de esconder que esta área onde estamos pisando um dia foi um palco de guerra onde os interesses coloniais de portugueses e franceses fizeram com que milhares de indígenas tupis fossem dizimados, na chamada “Confederação Tamoio”. Não há por que negar que a costa litorânea dessa região tenha servido de desembarque de negros trazidos ilegalmente da África. 

O passado deve ser lembrado não apenas para que no presente não venhamos repetir os erros de nossos ancestrais, mas para acima de tudo possamos reconhecer seus acertos. Michel Foucault, filósofo francês escreveu que tão importante quanto saber o que somos é saber com viemos a nos tornar o que somos. Isto só é possível olhando para trás, não para julgar, mas para valorizarmos aqueles que contribuíram para a formação deste lugar magnífico que hoje chamamos de Tamoios. Homens e mulheres ilustres e anônimos, pessoas de várias etnias, que labutaram a terra, que construíram uma vila, um lugarejo e que hoje é uma cidade. Cabe a nós lembrar todas estas contribuições, mantê-las vivas entre os nossos, mas acima de tudo usar estas memórias com motivação para continuar a transformar nossa cidade num lugar ainda melhor. A memória é um farol que quando olhamos para trás podemos saber de onde partimos em nossa jornada, mas também serve como um norteador que nos permite direcionar para onde queremos ir. Construir a memória de uma cidade, de um local é construir faróis que irão demarcar nossa trajetória. Assim as gerações futuras poderão contemplar os passos dados por seus pais, avós, bisavós e assim por diante. Saberão que seus antepassados pensaram em um amanhã melhor, e lhes deixaram um rastro iluminado por memórias que poderão orgulhar-se daqueles que aqui chegaram antes e com suor e dor, mas também com esperança construíram dignamente o futuro. Desta forma, este projeto será uma grande contribuição para que o provérbio judaico não se concretize entre os nossos, quando afirma que o “homem pode esquecer em dois anos aqui que levou vinte para aprender.” Que as gerações seguintes tenham sempre na memória as lutas que travamos hoje para que tivessem um lugar melhor ao sol que nós. 


[1] George Santayana, pseudônimo de Jorge Agustín Nicolás Ruiz de Santayana y Borrás, um filósofo, poeta e ensaísta espanhol que fez fama escrevendo em inglês. 

[2] Baldwin, 1962, p.112, 116-7.

sábado, janeiro 04, 2014

As boas aventuranças segundo Biff: O brodher de infância de Jesus.

Segue abaixo um trecho do livro, O Cordeiro: o evangelho segundo Biff , o brodher de infância de cristo. Christopher Moore - Bertrand Brasil - 2000. pp.466-469. 

O sermão da Montanha:

Como qualquer discurso, o sermão da montanha soa como se tivesse acontecido de modo espontâneo, quando, na verdade, Josué  (Jesus) e eu trabalhamos nele por mais de uma semana.  (...) Josué desejava devotar uma grande seção ao adultério, motivado em grande parte , percebo agora, por meu relacionamento com Madá. Ele disse:
  • Escreva: "Se um homem olhar para uma mulher com luxúria em seu coração, estará cometendo adultério."
  • Jura que quer escrever isso mesmo? E esse: " Se uma mulher divorciada se casar novamente, estará cometendo adultério?"
  • Também.
  • Parece um pouco pesado. Coisa de fariseu.
  • Tinha algumas pessoas em mente. Com estamos?
  • "Em verdade vos digo"... Sei que você diz  "em verdade" quando está falando em adultério...de qualquer forma: "Em verdade vos digo, se um homem esfregar o corpo nu de uma mulher com óleo, e a fizer ficar de quatro e ganir com um cachorro, enquanto busca conhecê-la, se entende o que quero dizer, então ele estará cometendo adultério, e claro que se a mulher fizer o mesmo, bom ela também estará embarcando na carruagem dos adúlteros. E se uma mulher fingir ser uma rainha poderosa, e fizer o homem de seu escravo, e   chamar de apelidos humilhantes, e o fizer lamber seu corpo, então sem dúvida ambos estarão pecando como cachorros grandes...e ai do homem que fingir ser uma rainha poderosa e...."
  • Já chega Biff.
  • Mas você quer ser específico, não quer? Você não quer que as pessoas andem por ai imaginando: " Ei, isso é adultério ou o quê? Talvez vocês devessem inverter as posições."
  • Não tenho certeza se ser específico é uma boa ideia.
  • Tudo bem, e quanto a isso: " Se um homem ou uma mulher tiver qualquer contato com suas respectivas partes íntimas, então é provável que esteja cometendo adultério, ou pelo menos deveria considerar a possibilidade."
  • Bom, talvez mais específico do que isso.
  • Vamos lá Josué. Isto não é tão simples quanto "não matarás". Basicamente, nesse caso existe um corpo, e portanto um pecado, certo?
  • É, o adultério pode ser complicado.

  • Bom, é.....olha uma gaivota!
  • Biff, aprecio o fato de você se senti obrigado a advogar em favor dos seus pecados prediletos, mas não é disso que estou precisando agora. Preciso que você me ajude a escrever esse sermão. Como estamos indo com as Bem-aventuranças?
  • Como?
  • As benção.
  • Temos: Abençoados os que sentem fome e sede em nome da justiça; abençoados os pobres de espírito, os puros de coração, os queixosos, os mansos, os....
  • Espera ai, o que estamos dando para os mansos?
  • Vejamos....ah, aqui: abençoados os mansos, pois para eles diremos: "é isso ai!"
  • Meio fraco.
  • É mesmo.
  • Vamos deixar que os mansos herdem a terra.
  • Você não pode dar a terra para os queixosos?
  • Bom, então corta fora os queixosos e dá a terra aos mansos.
  • Tudo bem. Terra para os mansos. Aqui vamos nós. Abençoados os pacificadores, o que choram e é isso.
  • Quantos tem?
  • Sete.
  • Não é suficiente. Precisamos de mais um. Que tal os idiotas?
  • Não Josué, os idiotas não. Você já fez o suficiente pelos idiotas. Natanael, Tomé....
  • Abençoados os idiotas, por que eles, ah.....sei lá....eles nunca ficarão desapontados.
  • Não, os idiotas ficam fora. Vamos lá Josué, por que a gente não pode incluir alguns poderosos no time? Por que precisamos de mansos, pobres, oprimidos e ferrados? Por que não podemos pelo menos uma vez, abençoar os caras ricos e poderosos com suas espadas?  
  • Porque eles não precisam de nós.
  • Tudo bem, mas sem "abençoados os idiotas".
  • Então quem?
  • As prostitutas?
  • Não.
  • Que tal os punheteiros? Consigo pensar em uns cinco ou seis discípulos que seriam realmente abençoados.
  • Sem punheteiros. Já sei: abençoados o que são perseguidos por causa da justiça.
  • Melhor. O que vai dar a eles?
  • Uma cesta de frutas.
  • Você não pode dar aos mansos a terra inteira e a esses caras uma cesta de frutas.
  • Dê a eles o reino dos céus.
  • Você já deu isso aos pobres de espírito.
  • Todo mundo precisa ganhar alguma coisa.
  • Tudo bem, então eles podem "compartilhar o reino dos céus".
  • Anotei tudo.
  • A gente podia dar a cesta de frutas aos idiotas.
  • IDIOTAS NÃO!
  • Desculpa, é que sinto pena deles.
  • Você sente pena de todo mundo Josué. Faz parte do seu trabalho. 

segunda-feira, julho 29, 2013

quinta-feira, julho 11, 2013

Lançamento do meu Livro

Muita Alegria COMPARTILHADA!!! 








segunda-feira, julho 08, 2013

Está chegando a horaaaa!!!!