domingo, julho 02, 2017

25 ANOS

Historicamente 25 anos não são nada, apesar de hoje haver campos dentro da história que analisam essa “história recente” ou “presente”, por vezes ocorrem dificuldades metodológicas, dentre outras. Já geologicamente 25 anos é como uma poeira de tempo, algo insignificante, as análises geológicas geralmente trabalham com milhares e milhões de anos. Na astrofísica não é diferente, do dia que você nasceu até completar 25 anos, uma estrela como o sol percorreu, numa velocidade de 225 km por segundo milhares de quilômetros, um pequeno espaço de tempo em torno da via láctea, já que para ele completar a volta nessa velocidade levaria duzentos milhões de anos.


Mas para a espécie humana 25 anos representa muito tempo, há alguns anos esse número era praticamente a metade de uma vida, uma vez que a expectativa de vida era muito inferior a que temos hoje. Para nós humanos esse tempo de vida representa anos de aprendizagem, um jovem aos 25 anos geralmente já está inserido no mercado de trabalho, alguns conseguem chegar nesta idade com faculdade concluída e com uma carreira pela frente. 

Mas dos 25 aos 50 é que chegamos à maturidade, é claro que idade nem sempre significa maturidade. Há quem amadureça com a vida e quem não aprende com ela. Se há um sinal evidente da maturidade é a máxima socrática, isto é, saber nada saber. Alguém escreveu certa feita; o homem chega aos oitenta anos certo de que, hoje aos oitenta ele sabe pelo menos a metade do que imaginava saber aos quarenta. 

Em 25 anos muita coisa pode acontecer, embora, muitos não cheguem a essa idade, as estatísticas de homicídio no Brasil, por exemplo, uma das taxas mais elevadas do mundo diz que 28,9 de cada 100 mil habitantes são assassinados por ano, o púbico mais afetado aqui são homens jovens e negros, no mundo do tráfico de drogas, na guerra às drogas, esses jovens morrem antes dos 26 anos. 

Todavia, 25 anos é muito tempo, ainda sim, pelo menos para mim, parece que foi ontem que eu estava com 25. Quantas experiências podemos acumular nesse período? Podemos constituir família e ter já filhos adentrando a vida adulta, podemos consolidar nossas carreiras, podemos viver vários amores, reencontrar amores da juventude, reviver amores, podemos nos reinventar mais de uma vez. Alguns olham para os últimos 25 anos e lamentam mais que se orgulham, outros sentem-se plenamente satisfeitos. Há quem mudaria tudo se pudesse voltar no tempo, há quem diz que faria tudo de novo. A verdade nua e crua é que só temos uma vida e que não há nada que possamos fazer que altere nosso passado. 

O que se pode fazer então? Aprender com ela: a vida. Nossos tropeços podem ter grande utilidade nisto. Projetar nossos próximos 25 anos e viver como se fosse possível alcançá-los. Sem abrir mão de viver o hoje, pois há quem aposte tanto no futuro que esquece do presente. Se seus últimos 25 anos não foram como você queria, eis que a vida lhe proporciona; se ainda há vida, há possibilidades. Não me refiro aqui a essa bobagem de palestras motivacionais, de ideais de sucesso social, não me refiro a fórmulas comerciais como “o segredo”, pois não há segredos nem fórmulas, assim como não há conspirações do universo, planejamentos divinos, destino.... 

Cada um de nós é capaz de dar significado a sua própria existência; então encontre o seu. Busque-o sem pressa, seja um admirador do cotidiano, das coisas simples, se interesse por pessoas comuns, não por mitos e heróis de novelas. O filósofo macedônico, Aristóteles, trezentos anos antes de Cristo, já nos ensinara que somos a única espécie no mundo com capacidade de contemplar o belo, de admirar. Logo, é urgente que aprendamos a desenvolver e usufruir essa habilidade. A beleza é desse mundo, é terrena, é humana, cabe a nós localizá-la, nos cercarmos dela. Assim quem sabe os próximos 25 anos serão uma acumulação daquilo que há de mais fantástico da existência humana....viver.

Jonatas Carvalho. 

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