terça-feira, janeiro 30, 2018

A CIA E O LSD - A HISTÓRIA DE FRANK OLSON.

Madrugada de 28 de novembro de 1953, Hotel Pennsylvania, Nova Iorque, o relógio marcava 2;30h em ponto, Robert Lashbrook lentamente senta-se à beira da cama e mira seu companheiro de quarto por uns segundos. Levanta-se vai em direção a porta destrava-a e segue para o banheiro. Senta-se no vaso, acende um cigarro enquanto escuta o som da porta do quarto se abrir ao mesmo tempo que por baixo da porta do banheiro observa o clarão que invadiu o quarto vindo do corredor. O som que se seguiu foi o de duas pancadas e depois de vidros quebrando. 

Na calçada da sétima avenida o subgerente do hotel fitava um corpo, atônico olhou para cima e viu as cortinas balançarem para fora da janela do décimo andar. O corpo era do hóspede do hotel, tratava-se de Frank Olson, um cientista especializado em bacteriologia e armas biológicas que trabalhava para a CIA. A informação oficial sobre a morte de Olson na época foi de que ele havia se jogado do quarto 1018-A, que vinha apresentando um quadro de depressão e a Agência o havia levado para Nova Iorque para tratamento médico.

Em 1975 após a renúncia de Nixon, auge da Guerra Fria, a vergonha da derrota do Vietnã, o chamado RELATÓRIO ROCKEFELLER revelara uma série de segredos da CIA, espionagem doméstica, grampos telefônicos, experimentos como hipnose, controle mental e métodos de interrogatórios com indução de morfina. O caso de Frank Olson foi alterado, a Agência se desculpou, lamentou a fatalidade e alegou que Frank havia feito uso de LSD no Projeto MKULTRA, o que o levou a um surto paranoico e por fim o suicídio. 

O filho de Frank, Eric Olson, um menino na época da morte do pai, cresceu sem nunca ter acreditado na história do suicídio. Em 1994 conseguiu exumar o corpo de Frank e o maior perito forense dos EUA James Starrs encontrou dois grandes hematomas no corpo, um na cabeça e outro no peito, um caso de suicídio agora virara um caso de homicídio. Mas quem matara Frank Olson e por que? 

As investigações levaram a um caminho sombrio e ultrassecreto, Frank havia descoberto que seu país estava usando armas biológicas na Guerra da Coréia (1950-1953) e começou a manifestar sua indignação com isso. Em 18 de novembro de 1953, convidado para participar de uma reunião com outros colegas em Deep Creeck área rural de Maryland, foi submetido sem seu consentimento a experimentos com LSD. Sob efeito da substância revelou sua insatisfação, a droga na época era utilizada como um soro da verdade. Frank tornara-se um problema para a Agência, um cientista que sabia demais e estava decepcionado com os métodos do governo e de suas instituições. 

Eric Olson, passou 40 anos de sua vida tentando provar o assassinato de seu pai, chegou a convencer Seymour Myron ou "Cy" Hersh como era conhecido, vencedor de um Pulitzer em 1970, Cy nunca chegou a escrever sobre os fatos que levaram ao homicídio de Frank Olson, alegando que isso implicaria revelar suas fontes. Eric, hoje já com mais de 60 anos não acredita mais que um dia a verdade virá à tona, mas não tem dúvidas de que seu pai foi assassinado com permissão dos chefões da CIA. 

Uma forma de conhecer mais essa história é por meio da série documentário WORMWOOD (Absinto) produzida pela Netflix, criada por Errol Morris. 



Jonatas Carvalho.

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