sábado, dezembro 28, 2024

GAZA: SEM CIDADES PARA RETORNAR.

    Os sionistas de Israel ordenaram a invasão do hospital Kamal Adwan (em 27/12), localizado na cidade de Beit Lahiya, norte de Gaza. Após forçarem os profissionais de saúde e os doentes se deslocarem para uma escola, o exército israelense incendiou o hospital. Kamal Adwan estava funcionando sem as mínimas condições de atendimento desde dezembro de 2023, quando soldados israelenses invadiram o estabelecimento e prenderam 70 funcionários que trabalhavam na unidade. Dezenas de tendas em volta do hospital, colocadas para abrigar doentes, foram destruídas, há relatos de que as escavadeiras do exército israelense enterraram pessoas vivas entre os escombros após um bombardeio no entorno do hospital. 

    A cidade de Beit Lahia, infelizmente é só mais uma entre tantas cidades absolutamente destruídas em Gaza, hoje, após meses de destruição e limpeza étnica, 87% das cidades de Gaza viraram escombros, 90% da população palestina não tem para onde voltar. Em Jabalia (também no Norte de Gaza), a situação é ainda pior, 100% de destruição, a cidade que contava com aproximadamente 110 mil habitantes, atualmente há em torno de 200 pessoas vivendo entre as ruínas, tentando sobreviver. Os corpos assassinados e multilados, espalhados por toda parte, são devorados por cães e gatos famintos. Jabalia, tornou-se um campo de refugiados, formado desde 1948, quando 750 mil palestinos e palestinas foram obrigadas a deixar suas casas para a criação do Estado de Israel. O campo de refugiados de Jabalia foi totalmente destruído, os sobreviventes foram deslocados para o Sul de Gaza. 

    A cidade de Beit Hanoun, situada no nordeste de Gaza, assim como o vilarejo de Izbat Beit Hanoun e al-Beddawiya, também foram inteiramente destruídas. Se juntarmos tudo, a população do Norte de Gaza era de pouco mais de 270 mil habitantes, mais da metade dessa população era de mulheres e crianças.  

    Mas a destruição não se limita apenas ao Norte de Gaza, a cidade de Khan Yunis (literalmente Taverna de Jonas), situada ao Sul, também foi fortemente destruída. Khan Yunis, ficou conhecida mundialmente quando soldados israelenses perpetraram um massacre em 1956, quando mais de 200 palestinos foram assassinados. Em 2008 a cidade foi alvo da Operação Chumbo Fundido.  A cidade que recentemente contava com mais de 140 mil habitantes. Em julho de 2024, um milhão de palestinos e palestinas fugindo de Rafah se aglomeraram em Khan Yunis. Uma deputada do Knesset (parlamento), sugeriu recentemente que a Khan Yunis, mudasse de nome para kan haya nes, que em hebraico significa "aqui houve um milagre". Sim, para os sionsitas, destruir Gaza é um milagre, para eles, como já declararam alguns de seus ministros, "o povo palestino não existe"(Itamar Ben Gvir, Ministro da Segurança Nacional). 

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    Os deslocamentos constantes de palestinos só aumenta a certeza de que não há mais para onde ir. As chamadas "zonas humanitárias" se tornaram campos de concentração a céu aberto, sujeitos a bombardeios, tiroteios e drones que vão dizimando pouco a pouco os sobreviventes. São mais de 45 mil palestinos mortos, 70% destes, são mulheres e crianças, mais de 20 mil crianças estão desaparecidas. Entre os sobreviventes, milhares estão feridos, outros milhares lutam contra a fome, o frio e a violência constante. São mais de 1,5 milhões de pessoas deslocadas, desamparadas, impedidas pelo governo israelense de receber assistência médica e alimentar. O nome disso é genocídio. 

   Não há mais hospitais, escolas ou templos inteiros em Gaza. Só a perseverança do povo palestino continua de pé, ainda que abalada, mesmo que abandonados pela maioria dos seus irmão árabes, mesmo que o extermínio de sua população seja ignorada pela grande imprensa ocidental, ainda que os poucos protestos a favor do povo palestino sejam reprimidos pelas "democracias" europeias, a Palestina resiste. Como escreveu Ghassan Kanafani, “tudo neste mundo pode ser roubado e saqueado, exceto uma coisa: o amor que emana de um ser humano em direção a um sólido compromisso com uma convicção ou uma causa”. 

Viva a Palestina. 


      

Um comentário:

Marida disse...

😓😳