terça-feira, março 10, 2015

Sobre a grande mídia brasileira, panelas e outros estratagemas.



Neste último domingo, dia internacional da mulher, viajei para Belo Horizonte com meu velho pai com objetivo de deixá-lo alguns dias sob os cuidados da minha irmã e meu cunhado. Estávamos conversando sobre diversos assuntos quando fomos surpreendidos por sons de batidas em panelas e gritos de “fora Dilma”, só mais tarde me dei conta que o evento fora uma reação ao discurso da “presidenta” em cadeia nacional.  
Quando disse que fomos surpreendidos, não me referi ao ato em si. O “panelaço” que por aqui durou entre 10 e 15 minutos não me causou qualquer espanto, achei até coerente que os moradores da região da Savassi, área nobre de Belo Horizonte, do alto de seus belos prédios, cujos apartamentos variam entre 1 e 3 milhões, com duas vagas de garagem para guardar com segurança seus automóveis importados, expressassem seu ódio pelo atual governo.  
Não vou aqui tentar explicar os motivos de todo esse ódio, o teólogo Leonardo Boff já explicou isso com muita propriedade em um artigo recente no portal Carta Maior (quinta feira, dia 5, ou você também pode ver aqui: http://www.jb.com.br/leonardo-boff/noticias/2015/03/09/o-que-se-esconde-por-tras-do-odio-ao-pt-ii/), mas cabe refletir um pouco sobre quem fomenta esse ódio, isto é como ele foi produzido e quem se encarrega de alimentá-lo.
Não vou aqui recorrer à primeira república para explicar a divisão social do país, vou me concentrar em um exemplo mais recente; no papel da grande no apoio ao golpe contra João Goulart. Se compararmos as “manchetes” nos grandes jornais em circulação hoje (vale lembrar que as principais manchetes são elencadas pela grande imprensa, logo, são selecionadas como “principais acontecimentos do país aqueles tópicos que coincidem com os interesses das elites e não do grande público), encontraremos grandes semelhanças com o que víamos nos anos de 1963 e 1964. Aqui vão alguns exemplos:
“A Nação não mais suporta a permanência do sr. João Goulart à frente do governo”, bradava o editorial de 1° de abril, do extinto Correio da Manhã, sob o título “Fora!”
 Na capital paulista, a imprensa seguia o mesmo padrão. “Magalhães: hie­rarquia e disciplina estão em peri­go”, estampou, na véspera do gol­pe, a Folha de S. Paulo.
Mas não foi isso, a grande imprensa também reagiu fortemente contra medidas da política social de Goulart, dentre as mais visadas; a reforma agrária. Todavia, políticas em prol dos trabalhadores também foram seriamente criticadas. Como foi com o projeto de pagamento do 13º salário. 

  
Você pode até achar que não há quaisquer relações entre o que ocorreu em 1964 com o que vem ocorrendo hoje, afinal os militares nos livraram do comunismo! É exatamente sobre isso que se trata, a grande imprensa pintou Jango de vermelho, todos os dias dezenas de notícias se espalhavam pelo país atemorizando os brasileiros sobre os perigos que o Brasil corria caso Goulart permanecesse.
O mesmo ocorreu na disputa presidencial de 1989 entre Lula e Collor, na época, só a Veja publicou diversos números para “criar um Collor” que agradasse as elites. Um duelo desigual, cujo ápice foi o debate editado pela Globo na véspera da eleição e que culminou na derrota do Lula.  
  
 

















Hoje, você diria que isso não é mais possível, por que a grande imprensa não tem mais tanto poder de influência. Está enganado. É óbvio que temos uma mídia alternativa, que a população de massa crítica é maior nos dias atuais, mas o Jornal Nacional ainda é o principal veículo de informações e notícias no Brasil. Quanto às elites, elas passam o dia assistindo a Globo News que funciona como um carregador de energia do ódio. Eles reverberam as baboseiras anunciadas por Willian Waack, Merval, Noblat, Sademberg, Paulo e outros ultra direita. 
Será que não tem nada de bom ocorrendo nesse país? O Brasil é a Petrobrás e só? Quanta informação tem sido omitida nestes últimos meses. Quantos escândalos de corrupção foram colocados por baixo dos tapetes das grandes emissoras. O caso da lista de Furnas, os trens de São Paulo, a Sabesp, as greves no Paraná e o HSBC (ou por que o PSDB não apoiou a CPI deste banco)... já ouviu ou leu algo sobre? Algum grande veículo investigou? Nenhum deles foram alvo do jornalismo investigativo do Fantástico? Claro que não. Mas um pequeno bando de burgueses batendo suas panelas de luxo e gritando de seus arranha-céus merece destaque na primeira página. 
Você provavelmente não leu a respeito da publicação da 2ª Edição do Atlas da Exclusão Social no Brasil, de Márcio Pochmann, leu? Então você não deve ter noção das mudanças ocorridas neste país na última década, tem? Segundo Pochmann, pela primeira vez na história temos uma tríade convergente. O que seria isso? A combinação de crescimento econômico, com democracia política e distribuição maior da renda. Às elites, só interassa o crescimento econômico.
Jonatas Carvalho.

sábado, janeiro 24, 2015

Crônicas Cancerígenas II: O luto.

Eu quero saber quem inventou a dor
Eu quero saber quem inventou o luto
Eu quero saber se o mesmo não tinha gente
Gente que abraça, afaga, compartilha e brinca
Gente que protege, ama, se doa
Gente como a gente
Gente que nos fez gente
Eu só quero saber...
Quem foi essa gente que diz que sente?
Eu só quero saber, se vai existir o reencontro da minha gente em algum momento, isto meu bem, seria tangente.

Não é difícil achar quem não se sensibilize quando menciono que meu pai com 76 anos de idade está fazendo tratamento de um câncer no pescoço. Mas quando digo que minha mãe infartou e faleceu em meio ao processo, que ela não suportou vê-lo perder nove quilos e sofrer os efeitos da quimioterapia, em geral, as pessoas ficam sem saber o que dizer. Ainda assim é comum ouvir comentários já padronizados pela nossa cultura para estas situações, coisas do tipo “meus sentimentos”, “deus sabe de todas as coisas”, “lamento sua perda”, estas frases feitas que reproduzimos mesmo sabendo que de nada servem para consolar, apenas dizemos por que não há nada melhor para dizer. 
    
Quando um ente querido parte desta vida, sua ida não é imediata, sabemos que nunca mais veremos aquela pessoa, mas sua presença continuará entre aqueles que a amavam; nisso reside o luto. Como excluir a presença de alguém de uma casa, cuja qual compartilhou com você por cinquenta anos? Como se desvencilhar das lembranças? Como conter a saudade? Como não sofrer com as memórias?

Ivan Kramskoy, Tristeza inconsolável, 1884.
Após o funeral (ritual que é distinto conforme a cultura), que é uma forma de despedida, diversas situações se apresentam impedindo o esquecimento e estendendo a dor, apresentam-se em ações como cancelar um plano médico, uma conta telefônica e outros eventos que nos obrigam a andar por ai com uma certidão de óbito a confirmar que o titular não está mais entre nós. Se isso não bastasse, ainda temos que lidar com situações ainda mais dolorosas, como o que fazer com a casa cuja arrumação ficou do jeito que ela deixou? O que fazer com os objetos que ela tinha mais apego? Que destino dar aos pertences, roupas, bijuterias? O que fazer com os livros e discos? Cada um, ao seu tempo, encontrará uma forma de lidar com isso.
  
A palavra luto vem do latin de luctum, isto é, chorar, lastimar (a perda de alguém), mas na prática o luto é muito mais que isso. Estar de luto não é o mesmo que estar deprimido, embora em alguns casos possa levar a depressão. O luto é um processo longo onde se aprende a minimizar a dor da ausência e se descobre como lidar com a saudade sem sofrimento. Mas até que isso ocorra, até que o tempo seja capaz de cicatrizar as feridas, sofreremos, uns dias mais, outros menos. Passamos alguns dias convivendo com lembranças felizes, em outros, um simples objeto de suvenir sobre algum móvel é suficiente para desencadear um doloroso choro.  

Vivenciar o luto é aprender mais sobre si, é se deparar com suas fraquezas mais profundas e ver emergir forças que sequer sabia existiam em você.    

domingo, janeiro 11, 2015

Crônicas cancerígenas I: um infarto no meio do caminho.

Eu iniciei há algumas semanas uma pequena coleção de textos sobre algumas experiências que tenho vivido ao lado de meu pai após ele ter contraído um câncer na região do pescoço. Resolvi intitulá-los de crônicas cancerígenas, achei apropriadas devido ao sentido letárgico que o termo possui. A terminologia câncer (assim como a palavra droga, dentre outras), ultrapassou sua especificação semântica pela força das experiências traumáticas que se impõe a quem na vida se depara com ele. Por vezes nos referimos a momentos e situações dolorosas utilizando tais termos como analogia... quando falamos de corrupção no Brasil, por exemplo, é comum ouvir que trata-se de “um câncer que corrói a nação” do mesmo modo que dizemos “que droga de vida”, mas no caso da droga, sabemos que há drogas boas e ruins, enquanto que no caso do câncer...não. O câncer é uma merda...sempre...onde quer que se manifeste, em quem quer que seja.
Não publiquei nenhuma ainda, pois as escrevi na correria e carecem de algumas revisões. Eu as escrevi como formas de registrar as emoções, lutas, sensações e tantas outras experiências que um período como este pode nos proporcionar...eu as escrevi para que no futuro pudéssemos ter uma memória registrada de mais uma luta da qual saímos vitoriosos... ou não.
Eu só não esperava, não estava preparado, sequer podia imaginar que a primeira crônica que eu publicaria deste período seria sobre infarto. Assim que eu comecei escrever achei que eu teria uma boa coleção de textos sobre câncer, eu vinha estudando sobre o tema, andei lendo experiências dos outros...mas havia um infarto no meio do caminho. 
Foram doze dias de apreensão e tensão entre a parada cardíaca e o falecimento, foram dias de muitas angústias. A preocupação com meu pai que nesta semana fazia radioterapia e quimioterapia concomitantemente se misturava ao desespero de imaginar a hipótese de minha mãe não voltar. Como meu pai vai ficar? Será que ele continuará lutando contra sua doença caso ela morra? Se ela voltar terá sequelas que a comprometerão ao ponto de deixá-la sofrendo no final de sua vida? Se ela não voltar....como dizer o que ficou para ser dito no final?  
O câncer tem um lado assolador devido ao longo tratamento, ao contrário do infarto, ele nos possibilita tempos de redenção...de perdoar e ser perdoado, de demonstrar o quanto amamos, de ficar mais pertinho na caminhada final da vida...de dizer e escutar aquilo que não falamos ou ouvimos em circunstâncias normais.

O infarto é sem dúvida uma pedra no meio do caminho, um tropeço fatal que interrompe a caminhada (de quem fica), transformando as possibilidades futuras em incógnitas. Toda ruptura é ruim, é traumática, perder uma mãe... por infarto é despencar por um abismo...não é possível prever o tamanho da queda, a profundidade do baque... só saberemos o quão fundo chegaremos com o tempo. 

quinta-feira, dezembro 18, 2014

PROPINAS MIDIÁTICAS

 Você sabe o que é BV? Não, não é boca virgem. É a abreviação para Bônus de Veiculação, um tipo de propina legalizada pelos barões da mídia. As agências de publicidades recebem uma bonificação por demanda, quanto mais propaganda canalizarem para determinada empresa, maior o "bônus". No quadro abaixo estão às empresas que mais receberam verbas publicitárias de estatais, a Globo lidera em absoluto com 5,4 Bilhões, no entanto, nos últimos dez anos a distribuição dessas verbas foram pulverizadas o que vem irritando acentuadamente os barões da mídia. Um levantamento realizado pela FOLHA a partir das informações divulgadas pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, no ano 2000 apenas 4.398 empresas recebiam verbas federais de publicidade, em 2014 o número subiu para 10.817 empresas. Isso ocorreu porque a partir do primeiro governo Lula o governo procurou descentralizar um pouco mais as verbas publicitárias buscando maior penetração nas mídias de internet.  
Fonte Carta Capital. 

   Em um período em que a grande mídia difunde o termo propina incansavelmente numa referência às relações promíscuas entre as grandes construtoras do país com as empresas públicas. Creio que seja pertinente abordar um tema pouco conhecido do grande público. Como é possível que tal prática seja considerada legalizada? Apesar da divergência entre os ministros do STF, e das tentativas de intervenção pelo TCU, a CENPE- Conselho Executivo das Normas Padrão reconheceu a legitimidade da prática e a regulamentou em 2008.


É difícil não enxergar nas práticas dos Barões da mídia e seu BV semelhanças àquelas das empreiteiras nacionais. No caso da Globo há ainda um agravante que é a antecipação dos “incentivos” as agências de publicidades, assim mantém refém boa parte das empresas do ramo, diga-se de passagem, não são poucas, em 2012 a Globo veiculou 16 mil comerciais por meio de mais de 6 mil agências. Tais “incentivos” funcionam como verdadeiras propinas uma vez que sustenta a manutenção do monopólio que controla 80% o mercado de publicidade no país e que é dividido para apenas três famílias (Folha, Abril e Globo). Aqueles que exigem por justiça no caso das empreiteiras (me incluo aqui), devem refletir no quão danoso é para nosso direito de acesso a informação que o BV, inserido em nossa sociedade desde os anos 60 tenha um fim, mas neste caso específico, infelizmente não poderemos contar com o apoio da grande mídia neste caso. 

Jonatas Carvalho. 









segunda-feira, novembro 03, 2014

A DIVISÃO PSEUDOVIRTUAL DO BRASIL.

Após as eleições não faltou quem defendesse uma ruptura entre sul e norte do país. Alguns chegaram a propor um muro, onde o Brasil de “verdade”, o lado produtivo, estaria um pouco acima da região meridional, enquanto a “Nova Cuba”, com sua “massa de manobra”, estaria mais próxima da linha do equador. Os ataques, aos que optaram pelo governo do PT, circulavam nas redes sociais, carregados de preconceitos, munidos por ódio e ironia, demandavam um país que deveria estar em luto ao invés de estar celebrando a festa democrática. Um grave equívoco. 
Foi o Brasil quem definiu pela continuidade deste governo que ai está, não foram os nordestinos, ou os mineiros, mas 54 milhões de brasileiros que decidiram a não alternância de poder, pelo menos, não esta representada pelo PSDB. Destes, 28 milhões de eleitores são das regiões sul e sudeste, outros 26 milhões, do norte, nordeste.
Para aplacar de vez às vozes que alertam para um país dividido, basta verificarmos que nos quatro maiores colégios eleitorais (São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e Bahia), o PT venceu em três. É claro que o nordeste tem sua importância, um exemplo, está no que ocorreu em Pernambuco. Após a morte de Eduardo Campos, o PSB decidiu lançar Marina na disputa presidencial, no 1º turno, Pernambuco elegeu a candidata por maioria esmagadora. Aécio ao receber o apoio de Marina no 2º turno, disse que os 20 milhões de eleitores que escolheram a candidata o fizeram porque queriam mudança, mas negligenciou que tais eleitores escolheram Marina como via alternativa à polarização PT – PSDB. Todavia, diante da opção por um dos dois partidos, o eleitor de Marina Silva, voltou-se inteiramente para a candidata do PT ignorando por completo a aliança entre a família de Campos com o PSDB, dos 4,9 milhões de eleitores Pernambucanos, 70% votaram em Dilma.
Minas também teve sua importância neste pleito, o Estado onde o candidato do PSDB já havia perdido no 1º turno, confirmou sua preferência por Dilma. Um erro estratégico? No 2º turno,  o segundo maior colégio eleitoral do país, 11 milhões de eleitores foram às urnas, apesar da vitória esmagadora de Aécio em Belo Horizonte, em todo Estado 5,9 milhões optaram pela candidata do PT. Ainda no sudeste Dilma obteve 4,5 milhões de votos no Rio de Janeiro e 8,5 milhões em São Paulo. Somente os votos de São Paulo, Rio e Minas deram a candidata 19 milhões de votos, mais que ela recebeu em todo o nordeste (16 milhões).
A tese do país dividido é infundada, mais fácil seria defender o quanto inoperante foi o governo de PSDB para as regiões norte e nordeste ao longo de seus 20 anos de supremacia na política brasileira. Os eleitores destas regiões há muito rejeitam os candidatos do partido (Serra, Alkimin e Aécio), por não haver quaisquer identificações com as propostas do partido e seus candidatos. Foi à negligência política do PSDB a estas regiões por duas décadas que contribuiu para a quarta derrota consecutiva para o PT. Mas isso, por si só, não deve reduzir o volume de votos que Dilma conquistou dos eleitores nas outras regiões do país.
O Brasil não está, dividido, não há uma luta de classes, não há um país que produz e outro que vive das benesses da união. O nordeste foi o Estado que mais cresceu nestes últimos anos, em 2014 seu crescimento foi superior à média nacional, uma infinidade de investimentos está sendo feitos por lá, no primeiro trimestre de 2014 mais de 60% dos postos de trabalho no país foram criados no nordeste. A região obteve um crescimento de 58% do PIB entre 2002 e 2013, enquanto a média nacional ficou em 47%. Quanto aos indicadores educativos, no intervalo de 10 anos ocorreu um aumento de 103% de matrículas nas Universidades Públicas. Atualmente o nordeste conta com 32 instituições públicas de ensino superior, das quais destaco a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Universidade Federal do Cariri (UFCA), Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), Universidade Federal do Sul da Bahia (UFESBA) e Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA).
O Brasil produtivo está espalhado, a participação do nordeste no PIB nacional em 2011 era de 13.4%, muito próximo já dos 16,2 da região sul para o mesmo período. Se reunirmos o PIB das regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste chegaremos a 28,4% do total produzido no país. Se retirarmos o sudeste da comparação, cuja participação é de 55.4%, não há muitas disparidades entre as regiões excetuando-se o Norte. Enquanto aguardamos novas projeções, os investimentos para o nordeste podem colocá-lo como protagonista no desenvolvimento nacional, quatro projetos são destaques neste cenário; o PECEM (Projeto Industrial Portuário CE), no valor de US$ 7 Bilhões; a fábrica da FIAT em Pernambuco com US$ 2 Bilhões; a SUAPE (Complexo Industrial Portuário – PE), no valor de 26,1 US$ Bilhões e mais US$ 15 Bilhões de investimentos em Camaçari (BA), na Região Metropolitana de Salvador.  Por outro lado, a região sul, registrou recorde de exportações no ano de 2013, um aumento de 18,19% em comparação com 2012, passando de 44 para US$ 52 Bilhões. É por este Brasil que devemos lutar, do norte ao sul, do leste ao oeste.  

Algumas Fontes:
Crescimento do Nordeste:
Universidades do Nordeste:
PIB POR REGIÃO:
Exportações:
Mapa Eleitoral:

domingo, agosto 10, 2014

1939 – O nascimento de um Mahatma.

 O marco inicial ocorreu no ano de 1939, quando o exército alemão invadiu a Polônia. De imediato, a França e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha. De acordo com a política de alianças militares existentes na época, formaram-se dois grupos: Aliados (liderados por Inglaterra, URSS, França e Estados Unidos) e Eixo (Alemanha, Itália e Japão ).

Os eventos que o mundo presenciava neste ano, resultaram numa guerra cujas proporções trouxeram traumas avassaladores nos países de vários continentes. A bomba atômica foi o referencial mais significativo dessa guerra que termina em 1945.
O que o mundo não contava é que neste ano nasceria um segundo “Mahatma” (Grande Alma) Gandhi. Ao contrário do outro, este nasceu no Brasil, especificamente em Teresópolis. Ao contrário do outro Gandhi, este não lutou pela libertação de sua nação, não fez greves de fome, não denunciou a exploração e o poder imperialista. Este Mahatma brasileiro não era formado em direito pela Universidade de Londres, tampouco viajou pelo mundo na tentativa de entender os poderes dominantes.
O Mahatma que nasceu neste período tão conturbado da história ocidental, não se envolveu com movimentos de militância política, não se tornou celebridade, muito menos conheceu a erudição das academias.
Se o mundo soubesse... Neste período de tantas turbulências, nasceu um pacificador. Isto mesmo, um bem aventurado!  Esta Grande Alma não mudou o mundo, mas transformou a vida de todos que com ele conviveram. Seu despojamento de tudo que é matéria nos remete a um cristianismo puro (“não junteis tesouro na terra onde a traça tudo corrói”). Sua simplicidade e humildade faz lembrar Francisco de Assis, a quem a todos chamou; Irmão.
Este Mahatma dedicou sua vida a Família e a Fé, dois legítimos alvos. Foi e é exemplo de valores como honestidade, ética, solidariedade e amizade. Abdicou-se de seus próprios sonhos e hoje se realiza na felicidade dos filhos e da esposa. Este Mahatma atende pelo nome de Manoel e como diz a canção, vai pro céu! Mas não temos pressa é claro, já que sua alma se assemelha a de uma criança, meiga e ingênua. Esperamos ainda comemorar muito esta data. 

Uma pena que hoje não tenhamos mais tanta certeza sobre o futuro. 

Jonatas Carvalho

terça-feira, junho 17, 2014

TALVEZ...

No mundo contemporâneo aprendemos a valorizar os decididos. As relações se pautam na dicotomia do sim e do não. Por isso é que se espera das pessoas a certeza e a clareza do que querem. Ensinamos aos nossos filhos tal virtude, ou seja, o sim, sim e o não, não. Acreditar que a vida é uma dialética entre afirmativas e negativas, certo e errado, bom e mau, é provavelmente, mais um dos nossos muitos enganos sociais. A dicotomia sim/não pode tanto alimentar uma série de expectativas que fazemos da vida, quanto pode nos conduzir a um falso niilismo. Assim, vivemos frustrados ou ansiosos sobre as expectativas que fazemos quando estas são baseadas em sim e não. 

Recentemente me deparei com uma categoria conceitual bastante intrigante; o talvez.  O talvez é o incógnita, e como todo incógnita não é bem visto socialmente. A vida, porém, é muito mais um somatório de talvez, do que certezas. Talvez estejamos vivos amanhã, talvez não. Talvez vivamos felizes, talvez não. Talvez sejamos queridos por muitos, talvez morreremos solitários. Talvez a pessoa que você está pronto pra amar lhe retribua abrindo seu coração ou talvez ela o considere, embora ame outro. Talvez sejamos pais afetuosos e recebamos na velhice o afeto de nossos filhos como fruto da semente plantada, talvez priorizemos nossa vida profissional e social e terminaremos bem sucedidos, mas isolados da família.   

O talvez é um quem sabe, um pode ser, ou, um nunca se sabe. O talvez pode ser aquilo que é provável ou improvável, a possibilidade ou a impossibilidade. A incerteza que está por trás deste senão só pode ser superada pela vontade, pela coragem e pela determinação de transformar o talvez em um certamente. Talvez um dia eu termine esta crônica...


Jonatas