Mais uma lei "pra inglês-ver" entrou em vigor este mês (Projeto de Lei de Conversão nº 13/2008), a lei que proíbe qualquer teor de álcool no organismo é um caso tipicamente brasileiro. Me fez lembrar a lei que levou a revolta da cachaça no século XVII em Mariana nas Minas Gerais, a lei, proibiu o consumo interno e a produção em larga escala. Os donos de alambiques se revoltaram, a medida tinha por objetivo proteger os produtos portugueses; no caso a bagaceira e o vinho do porto.
O que me impressiona é que após trezentos anos nossa administração pública continua uma bagunça (claro, não em todos os setores!), o exército sobe o morro para garantir as reformas do projeto do bispo político que não é mais bispo. Depois o exército desce o morro porque alguns militares se envolveram com traficantes do morro vizinho e a globo fez o que pôde para derrubar o ex-bispo.
A lei sobre o álcool é outra confusão, primeiro proíbem a comercialização nos arredores das rodovias brasileiras, depois resolvem relaxar. Agora baixam uma medida de “tolerância zero”, bem, se antes dois chopes ou duas taças de vinho podiam ser toleráveis, ou seja, mais ou menos 6 decigramas de álcool no sangue. Hoje estamos na iminência de uma nova “lei seca”, uma lei, que demonstra a ausência de percepção política dos nossos médicos políticos. O sistema repressivo já deixou muitas evidências de sua total ineficácia, os EUA, servem como um exemplo, basta lembrarmos de Alcapone.
O caso brasileiro não só é um retrocesso, como também trata-se de um episódio hilário, já que não dispomos de equipamentos; os tais bafômetros. Para piorar dos que dispomos em sua grande maioria estes aparelhos não podem detectar pequenos teores de álcool no organismo. Temos uma boa política nacional no que tange a questão das drogas, já avançamos em vários aspectos, a atual política nacional sobre o álcool também e relativamente boa, o problema é quando se parte para medidas radicais. A radicalização não faz outra coisa senão provocar no outro resistência, é um fenômeno que Nilton já tratara em uma das suas leis, a lei da ação e reação. No Brasil, porém, aprendemos a adotar uma outra lei, ao invés da reação, damos um “jeitinho” ( o que não deixa de ser uma reação), o famoso jeitinho brasileiro, que já nos fez ficar famosos no mundo todo por tal peculiaridade, certamente nos permitirá a driblar mais uma vez a truculência legislativa que impera em nosso país.
Sabemos que os acidentes de trânsito em nossas estradas são em sua maioria provocadas por jovens bebedores de finais de semana que abastecem seus tanques nas lojas de conveniência das grandes redes de postos de gasolina. Mas a partir de agora se você quiser sair para jantar com a família ou namorar, não pode tomar nem uma taça de vinho. Esta certamente é mais uma das tantas leis que logo, bem logo, cairá no esquecimento, assim como ocorreu com o kit socorro, com a luz na bola do reboque entre outras, então todos poderemos voltar a vida normal e tomar nossas cervejinhas sem maiores problemas.
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