Marx percebeu ao olhar o processo de industrialização europeu, uma contradição; o desenvolvimento e crescimento econômico dividiu a sociedade em classes sociais distintas, de um lado os industriais capitalistas cada vez mais ricos, do outro o trabalhador assalariado, sua única riqueza, era sua mão de obra.
Nem sempre temos a vida que desejamos, na maioria dos casos, se perguntamos a alguém se gostaria de alterar seu modo de viver, a resposta certamente será um sim. Por quê? As pessoas são insatisfeitas por natureza? Ou seria o fato de todos sermos fruto de uma sociedade de consumo? Mas antes do capitalismo, a espécie humana não era assim?
Esta dualidade existencial já era apontada em vários textos do passado, poderemos constatá-la em Shakespeare, a tensão entre a vida que temos e a vida que gostaríamos de ter, não é um fenômeno dos nossos tempos. Durante toda a história da sociedade veremos esta tensão, poderíamos até afirmar que de certa forma a história do gênero humano é a história da insatisfação.
A insatisfação, no entanto, não é um mal em si. Graças a homens e mulheres insatisfeitos é que a espécie conseguiu sair da condição de nômade para sedentário. Conseguimos criar instrumentos, ferramentas e tecnologias para realizar sucessivas descobertas.
Quando, porém, a insatisfação no âmbito pessoal nos afeta diretamente o que fazer? Quantos de nós preferimos no conformar. O ritmo da vida que levamos, as vezes contribui para isso, trabalhamos tanto que não nos damos conta que não era bem assim que queríamos viver. Mas fazer o que? Se é assim, então só nos resta agradecer pelo emprego que temos, ainda que nossa remuneração não nos possibilite a ter o que gostaríamos.
Hoje eu estava na cama com duas mulheres maravilhosas, minha mulher e filha, assistíamos a um filme muito emocionante de um cão que esperou por nove anos seu dono voltar em uma estação ferroviária. Enquanto contemplava minhas meninas chorar nesta emocionante história, percebi, a sorte de vida que tenho.
Durante meus primeiros anos de casado não tinha nem tempo, nem paciência para os pormenores familiares, não podia prestar atenção as necessidades básicas da família, que em muitos casos, era apenas de atenção. Eu estava muito ocupado, preocupado com a vida que queríamos, com isso não podia notar a vida que tínhamos, por muito pouco, quase perdi ambas.
Creio que minha carreira de historiador, associada as lições da própria vida, me ajudaram a perceber que o passado e o futuro não fazem sentido algum sem a concretude do presente.
Viver o presente é realmente o que me interessa hoje, participar do crescimento e educação dos meus filhos, ouvir atentamente seus conflitos, tomar sorvete no frio, assistir romances, jantar em família, churrasco de domingos...
Ainda tenho sonhos....não, não me acomodei, apenas entendi que não sou um ser isolado neste mundo, apesar de procurar frequentemente o isolamento, hoje sei que há mais, sei que existe “um nós” e não apenas “eu”. Mas adivinhem “eu” estou adorando este negócio de “nós”. Como diria Nietzsche; aquilo que se faz por amor, está sempre além do bem e do mal.
Jcarval.
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