segunda-feira, fevereiro 06, 2012

INTERRUPÇÕES

Minha maratona de escritas e leituras tem sido ininterruptas desde dezembro. Com quatro trabalhos de final de curso do último semestre, não faço outra coisa, dois artigos já foram escritos e estou em pleno processo de gestação do terceiro. Geralmente acordo lá pelas 7:30h, sento à mesa e só faço intervalos para ir ao banheiro e almoçar. Nas semanas que estou trabalhando em casa, faço pausas à tarde para descontrair a mente, assistindo um filme ou jogando um buraquinho.    
Hoje porém, me vi obrigado a paralisar minhas atividades mais cedo, às 8:00h, meu amigo Luciano ligou para comunicar o falecimento de outro amigo. Jorge tinha 56 anos, um ótimo sujeito, com uma bela família, não falo de família perfeita, mas de dois filhos com bom caráter e uma esposa companheira. Havia dez anos que Jorge lutava com a hemodiálise, com uma serenidade que eu nunca vi.
Nos nos afastamos nos últimos anos devido a uma série de fatores que não cabe mencionar agora, mas sempre que nos encontrávamos falávamos como se nunca tivéssemos interrompido nossa relação. Eu sempre tive carinho por ele, sempre admirei sua compostura e seu jeito apaziguador.
Hoje durante o funeral fui incapaz de falar com sua esposa ou com seus filhos, não sabia o que dizer, nem tinha coragem para encará-la. Havia muita gente; sinal de como era querido. Observei que houve um excessivo volume de discursos religiosos, cuja eficiência numa hora destas é duvidosa, pelo menos para mim. Acompanhei o enterro até o fim e testemunhei o choro inconsolável de quem fica olhando até o último minuto a tampa encobrir a cova definitivamente.
Fico irritado em ser interrompido quando planejo escrever o dia todo, mas hoje percebi que as interrupções fazem parte da vida, algumas interrupções podem ser maiores que outras e que a última interrupção é a morte.
     
 Adeus meu amigo!