sexta-feira, maio 01, 2020

O MESSIAS QUE NÃO FAZ MILAGRES: ENTRE A INOPERÂNCIA E O PROJETO DE PODER.


Um comentário em uma postagem que eu fiz no Facebook sobre o "E daí?", pedia de mim menos julgamento a mais amor com o presidente. "E daí?" é a típica frase de amor cristão, solidário, empático do presidente da república aos mortos deste país e seus familiares. Nosso Messias às avessas é o primeiro a atirar pedras quando se trata da julgar o próximo. 

Mesmo sendo bombardeado após cada frase descabida, que deveria ser inaudita por um chefe de estado, o Messias de Edir Macedo e Malafaia, segue perseguindo o posto de líder mundial mais insensível e insensato do mundo. 

Ontem, um dia após o "E daí?", o presidente disse que o isolamento se mostrou "inútil".  Eu gostaria de dizer o mesmo do senhor presidente, mas o senhor é bem pior que isto, é muito mais que inútil. Se fosse apenas isso, seria fácil de resolver, mas o senhor é perverso, é vingativo, preocupa-se com seu ego e com a manutenção do poder ao melhor estilo maquiavélico e abandona o povo que o senhor diz proteger. Não queremos milagres caro presidente, queremos um chefe de estado de verdade, que atue como líder do Executivo ao invés de transferir responsabilidades.

Se fosse só isso, ainda vai, mas o senhor vai além, muito além. O senhor nunca contribuiu com as medidas de isolamento, pelo contrário, questionou, debochou e incentivou o fim do isolamento. Quem sabe, contaminou muita gente pelo caminho e agora vem questionar a inutilidade das medidas de quarentena? Não é coincidência senhor presidente que o surto de Covid-19 esteja em alta no país, nas últimas semanas o "relaxamento" da população foi gigante, ocorrendo praticamente em todas as capitais. E por que as pessoas relaxaram Sr. presidente? O senhor e seus ministros fizeram o que?

Sua contribuição para o agravamento da epidemia é enorme caro Messias. Quando vemos milhares de pessoas aglomeradas nas portas dos bancos, vocês não demonstram apenas incapacidade de solucionar uma única ação pública, mas desumanidade, estão brincando de um jogo de morte com a vida das pessoas. O Brasil foi um dos últimos do mundo a conseguir testar a população, até a pouco tempo (duas semanas) nossa capacidade de testagem era de 295 pessoas por um milhão de habitantes, a segunda pior do mundo. O senhor tem se recusado a ajudar os estados, alimenta um teatro de sombras com os governadores, enquanto os leitos de UTIs desaparecem e as covas coletivas aumentam.

Sim Sr presidente, as medidas de isolamento no país não detiveram a curva por muito tempo, poderíamos deter por mais tempo se nosso líder não fosse um lunático, megalomaníaco, se ele focasse na resolução das demandas da pandemia, mas o Sr. preferiu intervir na polícia federal e proteger suas crias milicianas. Enquanto isso, nossos profissionais de saúde trabalham em condições precárias, com alto nível de estresse, arriscam a própria vida, sentem-se desprotegidos e desamparados. Quantas vezes o Sr. os elogiou ou incentivou? Quando foi que o Sr. disse "contem comigo!" Mas o Sr. só tem tempo para aqueles que se aglomeram para pedir AI-5, fechamento do congresso e do STF. 

Ao fim, parece mesmo que as coisas estão indo do jeito que o Sr. quer, sempre quis: a contaminação em massa, com mortes em massa, aceleração da curva para sairmos o mais rápido possível disso. “Vai morrer gente, mas fazer o quê!”, claro, o Sr. não é coveiro, imagina, o Sr. é só o carrasco. 

Jonatas Carvalho.