segunda-feira, dezembro 13, 2010

2010 O MELHOR ANO DA MINHA VIDA.

Talvez o título seja um pouco exagerado, já tive anos ótimos, anos muito bons e anos ruins, também espero ter anos melhores ainda que este. Os critérios para se avaliar se um ano foi bom ou não são totalmente subjetivos. Para alguns, um bom ano está condicionado ao quanto se arrecadou ou no número de aquisições realizadas, para outros, um ano bom pode estar vinculado a eventos ocasionais, como uma premiação ou promoção.
Minhas razões para eleger este ano o melhor da minha vida, igualmente são subjetivas, não sei o que a Malau ou os meus filhos acharam de 2010. Assim os motivos que me trouxeram tanta alegria, e que serão justificados abaixo, têm significado exclusivamente particular.
O ano começou com dificuldades, com instabilidades no emprego, (meu patrão – prefeito de Cabo Frio foi cassado umas cinco vezes), os projetos na Fazenda Campos Novos estavam estagnados, a grana estava pouca, perdi um carro que de fato nunca foi realmente meu.
Mas algo fez toda diferença, a Malau (como sempre) me apoiando em tudo, segurando a barra como mãe/pai e provedora na maioria das vezes, mas neste ano teve algo mais, nós estávamos mais unidos, mais apaixonados....foi o ano do amor! Quando chegou o segundo semestre algumas coisas boas já começaram a acontecer, eu e a Malau viajamos sozinhos para Brasília e os projetos na Fazenda voltaram a ganhar força.
Em outubro me inscrevi no processo de seleção no mestrado em história política na UERJ, estava motivado, mas com uma pequena dúvida se eu era realmente capaz, seria minha terceira tentativa, eu me perguntava se não era demais para um cara que se formou tarde numa universidade privada de 2ª categoria, estas coisas que passam na cabeça de forma não deliberada.
Para encurtar a história, este ano comemoro minha entrada no mestrado, comemoro ainda a entrada do João Mateus no ensino médio, 2010 é o ano em que minha criança (a Juju) ficou mocinha, ganhou medalha de ouro no torneio de vôlei da escola, e, não podia deixar de celebrar o título do brasileirão 2010 do Fluzão..... as outras coisas que me trazem alegria são digamos, corriqueiras, mas não menos importantes, já que sem elas as primeiras não ocorreriam.
Assim meu melhor ano, é também um ano de redescobertas (pois sempre precisaremos atentar para o valor daquelas coisas corriqueiras), do que mais importa, o amor da família, não me refiro apenas a minha mulher e filhos, meus grandes tesouros. Me refiro a meu pai e mãe que incessantemente me apóiam de forma incondicional, me refiro a minha irmã Batata que por incontáveis vezes me buscou e levou a UERJ, me abrigou em Niterói (meu cunhado sempre com uma cervejinha no freezer a minha disposição) e pagou meu almoço em verdadeiros centros gastronômicos (quando eu mal podia pagar um p.f.).
Refiro-me a pessoas como meu chefe, Beto Nogueira, que nunca me cobrou as ausências por causa das idas e vindas à UERJ dentre outras escapadas, refiro-me a pessoas que gratuitamente se dispuseram a me ouvir e ler meu projeto de pesquisa, como João Gilberto (meu eterno orientador) e meu amigo Prof. Paulo Roberto. Refiro-me a seres extraordinários que andam por ai com uma predisposição implacável em ajudar seres que nunca viram, como foi o caso da Professora Marilene Rosa, esta radiante estrela que compartilha seu brilho com todos que dela se aproximam.
O melhor ano da minha vida só aconteceu porque de modo muito especial, sou privilegiadamente cercado por pessoas especiais. Costumo brincar que sou azarado como meu sogro (ele pensa que o cara mais azarado do mundo), mas sou um cara de muita sorte, com uma família maravilhosa e com amigos formidáveis.
Ahhhhh! Ontem completei 41 anos.....dois dias de festa!!!!!!!!!!!!!!! Para comemorar o melhor ano da minha vida.
Extasiantemente,
Jcarval-2010.

quinta-feira, dezembro 02, 2010

A crise no Rio e o pastiche midiático

"O Jornal Nacional, nesta quinta, 25 de novembro, definiu o caos no Rio de Janeiro, salpicado de cenas de guerra e morte, pânico e desespero, como um dia histórico de vitória: o dia em que as polícias ocuparam a Vila Cruzeiro. Ou eu sofri um súbito apagão mental e me tornei um idiota contumaz e incorrigível ou os editores do JN sentiram-se autorizados a tratar milhões de telespectadores como contumazes e incorrigíveis idiotas. Ou se começa a falar sério e levar a sério a tragédia da insegurança pública no Brasil, ou será pelo menos mais digno furtar-se a fazer coro à farsa."

O antropólogo e doutor em ciência política Luiz Eduardo Soares escreveu um texto muito interessante. Creio que vale compartilhar...Quem quiser ler o texto pode fazê-lo no blog do autor:http://luizeduardosoares.blogspot.com/2010/11/crise-no-rio-e-o-pastiche-midiatico.html?spref=fb

sábado, novembro 27, 2010

A CIDADE REBELDE

A violência no Rio não é algo que nasceu ontem, atualmente há diversos pesquisadores e núcleos de pesquisas específicos para estudá-la. A antropóloga Alba Zaluar, coordena o NUPEVI - Núcleo de Pesquisas da Violência - UERJ, suas pesquisas sobre a Cidade de Deus ajudou ao Paulo Lins a escrever o livro que deu origem ao filme dirigido por Fernando Meirelles. Há ainda o NECVU - Núcleo de Estudos da Cidadania e Violência Urbana - UFRJ, coordenado pelo sociólogo Michel Misse. As pesquisas de Misse envolvem a questão das drogas, e a formação da polícia, o conceito elaborado por ele de "mercadorias políticas", tem ajudado a entender a corrupção. Misse ainda produz trabalhos fantásticos sobre o inquérito policial, na sua avaliação este deveria não existir.
Estou lendo um livro de Jane Santucci, "Cidade Rebelde", publicado pela editora Casa da Palavra. O livro aborda as revoltas populares no Rio de Janeiro do início do século XX, como a revolta do vintém, revolta das carnes verdes e revolta da vacina. Jane procura demonstrar que o "fermento" das revoltas foi o projeto de urbanização do Rio, efetivado na reforma de Pereira Passo, movido pelo espírito da belle époque.
Uma das coisas interessante desse livro é o destaque que a autora dá a sensação de medo presente na sociedade carioca, as camadas populares temiam a polícia, a classe média temia os populares, todos temiam as epidemias e as pestes que tomavam conta do centro da cidade. Surgiam "figuras perigosas", como os "capoeiras" ou "navalhas" como eram chamados alguns moradores das "favelas". Este povo que ocupou o morro da "favela" (providência) eram ex-combatentes da guerra do Paraguai (dos canudos), que aguardavam o exército regularizá-los.
Após mais de cem anos de uma ocupação sem quaisquer critérios, com a total ausência do Estado, as "favelas", acabaram virando reduto (lugar de aliciar jovens sem quaisquer perspectivas), do mercado das drogas. Este espaço, onde a população que serve de mão de obra barata para realizar as tarefas que não estão “a altura” da classe média foi sendo desterritorializado pelo tráfico. Essa gente pobre, destituída da proteção do Estado, sem direitos básicos como saneamento, vivem décadas debaixo de regimes alternativos de poder, como o jogo do bicho, o tráfico de drogas e as milícias.
O medo está de volta às ruas do Rio, assim como nas crônicas de João do Rio, como nos livros de Aluísio de Azevedo, ou nos textos de Lima Barreto, este "medo urbano” (termo que Foucault utilizou para explicar esta nova modalidade de medo que surge nos fins do século XIX e início do XX, que era o medo da cidade, da massa populacional), difere do passado, a ameaça não está mais nas epidemias, ou na insalubridade das fábricas. A revolta que o Rio assiste hoje, não é um quebra-quebra devido a uma política exploratória implantada pelo governo. O medo atual está associado ao conflito fortemente armado entre o Estado e o mercado ilícito do tráfico de drogas, é uma guerra pelo território, a tentativa do Estado retomar o território perdido.
Se há algo que possa ser relacionado entre o medo passado e o medo presente é que ambos são resultados da mesma matriz social, da desigualdade cruel do sistema capitalista e da ideologia liberal. Estes criaram os grandes centros urbanos, onde a sociedade que neles habita é dividida por classe social, com gigantescas diferenças e profundas feridas. Um mundo de shopping centers cercado por favelas.
Jcarval.

sexta-feira, outubro 29, 2010

Riscos do Negócio

Riscos do Negócio
Hoje é um daqueles dias que determinados acontecimentos fazem com que você pare tudo para externar pensamentos e sentimentos inevitavelmente pulsantes. Não importa o quanto esteja ocupado, no meu caso, estou cheio de projetos para concluir com uma prova de seleção para o mestrado dentro de poucos dias, entretanto não posso deixar de escrever sobre hoje.
Viajo para Brasília neste próximo domingo, fui ao banco fazer alguns pagamentos e deixar as coisas em ordem para poder viajar em paz. Consegui um dinheirinho para poder levar na viagem, afinal só vamos eu e a patroa, achei que seria uma boa surpresa levar uma grana a mais para curtimos por lá.
Dirigi-me a um caixa eletrônico do Banco do Brasil, feliz da vida só pensava nos programas a dois que eu e minha amada esposa faríamos, foi ai que aconteceu, saquei mil reais... ou melhor queria sacar mil reais, estava tudo bem, digitei a senha, a máquina começou contar as cédulas e então.... apagou. Isto mesmo, a porra da máquina simplesmente apagou. Ela reiniciou, mas a única mensagem que apareceu foi: dirija-se a outro terminal.
Fui ao banco mais próximo, no caminho pensei... só falta essa porra dessa máquina ter debitado essa grana da minha conta! Resolvi antes de sacar na nova máquina, verificar meu saldo, acho que você caro leitor, já sabe o fim desta história. Bem, talvez você pense que sabe, mas a história não termina com a descoberta que eu vi mil reais sumir da minha conta sem tocar em um centavo, a coisa é pior que isto.
Apresentei-me gerente e expliquei-lhe o ocorrido, ouvi dele de modo muito educado que se tratava dos “riscos do negócio”, para exemplificar ele usou como analogia uma viagem de carro, que você não planeja bater, sofrer um acidente, mas é possível. Por fim, moral da análise do gentil gerente, tratava-se de um evento que raramente acontece, mas pode acontecer (com alguns sortudos como eu e meu sogro).
Fiz uma ocorrência, pois ele me tranquilizou que o banco estornaria o referido valor a minha conta, contudo, este sortudo que vos escreve, soube da atendente que embora minha ocorrência tenha sido realizada com sucesso, o prazo para o banco entrar em contato comigo são de cinco dias úteis. Eu fiz uma continha rápida o dinheirinho que eu separei para levar em viagem, demorará uns dez dias para retornar as minhas mãos, já que semana que vem tem feriado, isto significa que eu não poderei usufruir desta grana em Brasília.
Para concluir meu suplício, após a decepção e a raiva, retornei ao caixa para retirar em fim o dinheiro, pois ainda tinha saldo, só que a mensagem que a máquina me mostrou foi: limite de retirada diária excedida. O gerente me livrou desta e me liberou o saque na boca do caixa. Eu voltei para casa, puto da vida, mas após reler e corrigir este texto...só me resta a conformação!
Jcarval.

domingo, setembro 26, 2010

CROJOCA.

Por estes dias, uma estrela de brilho singular se deslocou dos céus do Rio de Janeiro para se juntar a uma constelação que passou por Cabo Frio.
Dizem os astrônomos que na medida em que as estrelas vão envelhecendo perdem proporcionalmente seu brilho, mas há um tipo de estrela rara, que resulta da fusão de duas estrelas binárias, batizadas como crojocas (de "cromosfericamente jovem e cinematicamente antiga"). As crojocas são estrelas relativamente velhas, cuja cromosfera foi rejuvenescida pela fusão, tal fusão resulta em um comportamento paradoxal, pois como nas estrelas jovens, ela possui uma intensa atividade, no entanto, desloca-se em alta velocidade como as antigas. Uma característica das crojocas é que embora possuam uma massa relativamente pequena, sua vida é significativamente longa.
A estrela que por aqui passou, assim como as demais, era cadente e iria decorar nosso empobrecido céu por apenas algumas horas, mas por pura complacência resolveu irradiar sua luz sobre nós por três dias e três noites.
Nós os mortais, atraídos por sua luz, não conseguimos evitar fixar nossos olhares, não nos contivemos em amontoarmos ao redor de sua luminosidade, não tivemos qualquer pudor em tentar captar sua energia.
A estrela, dentre tantas outras que aqui passaram por estes dias, estrelas inclusive de renome, radiou mais que todas as outras, a semelhança do poético texto bíblico, ela se fez carne e habitou entre nós. A estrela se chama Marilene, mas poderia ser Mari-estrela....uma crojoca.

Com a gratidão de um aprendiz.

Jonatas.

domingo, setembro 19, 2010

Notas sobre um falecimento.

Não é meu costume escrever textos de caráter fúnebre, mas esta semana diante dos acontecimentos, me vi impelido a interromper o artigo que preparo para um congresso, para transcrever as impressões que tive durante e a após o velório e sepultamento do Sr. Josué. Devo ressaltar que esta crônica não é uma sátira sobre quaisquer princípios, trata-se antes, de uma observação quase antropológica de como se dão as relações sociais nos níveis mais íntimos, no interior das famílias.
Cheguei ao velório, já em cima da hora, pois vim de Cabo Frio para Petrópolis, a primeira coisa que percebi foram os rostos familiares que eu não via há muitos anos. Alguns amigos também se encontravam no local, aliás, uma característica comum nos velórios, revemos amigos comuns e inevitavelmente colocamos a conversa em dia. O velório é desta forma, um ambiente ambíguo, ao mesmo tempo em que lamentamos a perda do ente querido, nos regozijamos com aqueles que queremos bem.
Após o sepultamento, seguimos para a casa da família, uma família tradicionalmente cristã, conservadora, assim como a minha, com filhos criados debaixo de um moralismo rigoroso e preconceituoso. Acostumamo-nos com um discurso puritano e por tempos mantivemos firmes tais preceitos morais, víamos pecado em todo e qualquer comportamento fora dos padrões puritanos herdados.
Na casa da Dila eu me surpreendi com a presença de tantos contrastes à ética judaico-cristã. Surpreendi-me com um tipo de solidariedade que comumente é abominada quando vinculada a outras formas de comemorações. Aquela casa, onde durante décadas funcionou uma congregação cristã evangélica, tinha uma família, um tanto controversa no que tange tais valores. Na casa se encontravam a filha mais nova que já era avó antes dos quarenta, sua filha fora mãe aos quatorze, a filha mais velha vivia com outra mulher, o filho do meio, o Josué filho, era o que tinha uma vida, digamos mais condizente, embora não fosse exatamente um cristão. A casa contava ainda com um gay que trouxe as amigas de carona, pois era o único que tinha carro, duas sapatonas negras, um casal de evangélicos,uma senhora solteirona e muitas crianças.
A cena, me encantou, não vi ali qualquer olhar recriminativo. A Dila passava o café e quando o pão com mortadela chegou, todos se aglutinaram na cozinha, enquanto comiam, conversavam uns com os outros cordialmente. Nem parecia que tinham enterrado um ente querido, só se percebia a dor da perda pelos olhos inchados e avermelhados, natural em quem chorou muito durante o dia. O ambiente naquela casa, só se explica, só se entende esta aparente contradição,ao se conhecer o Sr. Josué. Quem o conheceu entenderia aquela diversidade, aquele multiculturalismo, pois Sr. Josué, foi um tipo de alma, que sempre tratou a todos com candura, por isso aquela casa não era uma casa qualquer, era um lar, um lar que sempre teve um lugarzinho para quem quer que fosse, independente da cor, da sexualidade ou de qualquer outro tipo de opção. O mundo certamete seria melhor se tivéssemos mais pessoas como o Sr. Josué por ai.
Jcarval.

quarta-feira, agosto 25, 2010

AMARIÁUREA

Estou publicando este texto no dia 26 de agosto, mas ele foi escrito na madrugada do dia 24, às 00:07h eu enviei uma mensagem de texto para minha esposa pelo seu aniversário. O fato é eu gostaria de estar ao lado dela, para abraçá-la e beijá-la, mas eu estou aqui em Cabo Frio enrolado com a organização de um simpósio.
Eu já ouvi e li algumas coisas sobre o amor, não muitas, pois nunca fui muito ligado em romances ou romancistas, nunca fui leitor de poesias, minha relação com a leitura sempre foi muito racionalista.
O amor, esta categoria abstrata da vida, este código que todos tentam decodificar sem sucesso, por vezes tratado como uma planta que requer ser regada para continuar a florescer, por outras percebido como uma chama que necessita do oxigênio para permanecer acesa.
Ao amor se atribui a inspiração para a composição de milhares de canções nas mais variadas línguas, o que seriam dos poetas sem o amor, alguns certamente sequer seriam conhecidos, graças ao amor,histórias fascinantes capazes de nos emocionar nos chegam por filmes e livros.
Como já disse anteriormente em outros textos, não acredito no amor, não posso compactuar com as tentativas frustrantes de procurar definí-lo. Descrever o amor é especular e representar experiências e percepções humanas passíveis de engano. Afinal a partir de quando a humanidade descobriu o amor? Amar é um processo? Existe amor a primeira vista? É possível aprender a amar alguém? Existe amor verdadeiro? Pode-se amar eternamente? O amor é uma via de mão dupla ou pode-se amar sem ser correspondido? O amor é uma escolha ou somos escolhidos pelo amor? O amor é um conceito constituído de várias categorias, isto é, amor de mãe, de filho, de pai, amor conjugal, etc. O que diferencia o amor da paixão? Seria a paixão um sintoma agudo do amor?
Pode-se amar indistintamente? Há amor grande e pequeno? É possível amar muito ou pouco? Não acredito no amor, o amor é uma invenção, uma tentativa racional de representar sentimentos e sensações. Que sentimentos são estes? Que sensações? Que sentimentos reunidos compreendem o amor? O amor é um sentimento único, singular? Quando tento definir o que sinto por você, reflito da seguinte forma:
Se quando se pensa em alguém, se pensa com um carinho tão grande, se pensa com profunda estima, se isso é amar, então te amo!
Quando não se consegue imaginar o futuro sem o outro, quando não se consegue ver sentido na própria existência sem o outro, se isto é amar, então te amo!
Quando nos divertimos constantemente ao lado do outro, quando conseguimos ver na loucura do outro um bem a si mesmo, se isto é amor, te amo!
Quando se chega a conclusão que apesar das contradições e contrariedades, que apesar dos conflitos e diferenças, conseguimos enxergar todas as qualidades, toda a bondade, conseguimos ter satisfação ao lado do outro, se isto é amar, então te amo!
Se ao olhar para o passado somos capazes de nos arrepender dos danos causados ao outro, das desnecessárias brigas e acusações, mas, sobretudo, se somos capazes de mudar comportamentos que podem comprometer a relação com outro sem ver neste esforço uma obrigação, se isto é amar, então te amo!
Se ao contemplar os anos vividos juntos, se consegue se sentir plenamente feliz pelo resultado, mesmo que algumas metas não tenham sido alcançadas, mesmo que alguns sonhos pessoais não tenham se realizados, se isto é amar, te amo!
Se ao olhar para filhos, não se consegue imaginá-los como fruto de outra relação, ao contrário, só conseguimos ver neles obras de arte resultantes de nossa produção conjunta, nossa melhor contribuição para a humanidade, se isto é amar, então te amo!
Se quando se pensa na vida sem o outro, uma sensação de vazio nos angustia ao ponto de suscitar palpitações, se a isto podemos chamar amor, então te amo!
Não acredito no amor, mas acredito em você, em nós, naquilo que juntos construímos. A minha história pessoal pode ser dividida em antes e depois de você. Se há uma razão para parabenizá-la por seus anos de vida, esta razão se dá não apenas por tudo que você representa para aqueles que têm o privilégio de tê-la como amiga, companheira de trabalho ou membro familiar, mas também por tudo que você representa para mim, pelos filhos que me deste, pela vida que hoje me orgulho de ter ao teu lado e principalmente, por quem você é.
Parabéns...
Com amor....
Jonatas.

terça-feira, agosto 17, 2010

Papo Reto(sigmoidoscopia)

O dia de hoje certamente nunca se apagará das minhas lembranças relacionadas ao sofrimento. Na atual circunstância nem me importo mais em revelar que o amigo oculto na crônica anterior na verdade era eu mesmo.
Meu sofrimento teve início na noite de ontem, desde que minha esposa chegou em casa com três frascos de phosfoenema, um produto a base de fosfato de sódio, contendo 130 ml cada, cujo objetivo é promover rapidamente a evacuação intestinal. Minha dignidade viril foi aos poucos de esvaindo na mesma medida que eu precisava introduzir um daqueles frascos no meu reto,o primeiro às 22 horas de ontem, e os outros dois na manhã de hoje.
O pior ainda estava por acontecer, ao chegar no consultório descobri que era necessário anexar a receita do médico uma autorização do meu plano de saúde para a realização do mesmo. Disse a recepcionista que eu já havia feito os procedimentos pré-exame e que de forma alguma me submeteria novamente a tal situação. Após a garantia que eu faria o exame, eu e minha esposa pegamos o carro e fomos até a sede da empresa do plano de saúde, estávamos dispostos a tudo, inclusive virar a mesa do diretor caso ele dissesse que só aprovaria o referido em cinco dias, como acontece com alguns exames.
De posse da autorização retornamos a clínica, ao entrar no consultório do médico, que por sinal foi muito gentil no trato pessoal, me explicando todos os detalhes do procedimento procurando tranquilizar-me, mas em seguida me deu uma dedada que ecoou em minha garganta. Meu reto já ardia (ou devo dizer meu cú) e doía intensamente, o doutor faz uma pequena correção na postura fetal em que me encontrava sobre a maca em seguida me disse que iria introduzir a mangueira flexível no meu ânus e que eu deveria relaxar, descontraír a musculatura.
Nunca pensei que eu poderia ter uma visão de mim mesmo tão profunda, o monitor a minha frente mostrou um túnel de carne que aprofundava a medida que eu sentia algo enterrar mais e mais no meu rabo. Por um momento achei que veria minhas víceras, comecei a suar frio, me senti enjoado e deixei automaticamente de olhar para aquele maldito monitor.
Apesar de rápido, um tipo de exame como esse deveria ocorrer na máximo uma vez na vida de um homem. Ao terminar, disse ao médico que esperava que ele considerasse meu exame de próstata feito antecipadamente, pois não suportaria ter que tomar uma dedada novamente.
O único aspecto positivo nesta história toda é que hoje tenho mais do que certeza da minha masculinidade, pois se aos quarenta anos um homem passa por tais procedimentos sem se sentir constrangido, desconfortável ou incomodado, certamente corre um enorme risco de "aviadar-se" em plena maturidade.
Não vou me estender mais, mesmo sentado sobre uma confortável almofada continuo com dor, não posso mais escrever... então fim.

segunda-feira, agosto 09, 2010

Papo Reto


Existem algumas coisas constrangedoras na vida, como deixar cair a dentadura dentro da taça de champanhe no momento em que se brinda a saúde de alguém, perder a parte de cima do biquíni em pleno domingo na praia ou sofrer um impeachment por causa de umas sessões de boquete da secretária.
Um amigo meu, (pretendo manter seu anonimato para evitar constrangimentos posteriores) vem passando por algumas situações nada agradáveis desde que seu reto passou a lhe incomodar. Tudo começou com uma coceira intermitente, provocando um desconforto duplo, pois além da coceira em si, meu amigo ainda precisava encontrar meios que não chamassem muita atenção para coçar.
Alguns dias depois, meu amigo acordou e como de praxe foi dar aquela barrigada matinal, foi um sofrimento só. Após ter terminado, me enviou um e-mail com a seguinte questão: Um chinês vai ao banheiro e após muito sofrer descobre que está com hemorróidas, qual é o nome do filme? Não sei! Respondi. Resposta: Ku-chaixangui. A piada é sem graça, mas o termo hemorróida deriva do grego antigo αἱμορροΐς (aimorrois), composto de αἷμα (aima) "sangue" e ῥέω (reo) "escorrer"). Na prática trata-se de uma disfunção no sistema circulatório resultando na dilatação anormal das veias da região anal.
Conforme me relatou posteriormente (e confidencialmente), após entupir seu ânus com pomadas de erva de passarinho por uma semana sem resultados e ser pressionado pela esposa a procurar um proctologista, meu amigo decidiu marcar uma consulta (também contribuíram para tal decisão; a dificuldade de sentar, de defecar, além das dores incessantes e as brincadeiras de mau gosto por parte dos próprios familiares).
Tudo que ele queria é que o tal especialista tivesse dedos finos. Em um primeiro momento, meu amigo iludia-se com a idéia de encontrar uma proctologista, sabia, contudo que se tratava de uma quimera. Em outro momento imaginou um proctologista bem magro, gentil e gay. Em seguida, porém, desfez o pensamento, ao cogitar que um proctologista gay pudesse ter algum tipo de tara pelo ânus alheio. Por fim, meu amigo limitou-se a agendar a consulta com o único especialista que constava na lista de seu plano de saúde.
A ida ao médico foi um constrangimento só, o ônibus estava vazio, ao lado da esposa e da sobrinha de seis anos meu amigo se contorcia de dor, não agüentando mais levantou-se no meio do caminho dizendo a sobrinha que seu joelho doía. A partir daí foi uma dupla tortura, a dor contínua e a expectativa de adentrar o consultório médico.
O momento tanto aguardado chegou, meu amigo que já ficara satisfeito ao ouvir o médico lhe chamando na hora certa, coisa rara hoje em dia. Ao entrar pela porta observou discretamente o homem de jaleco branco em sua frente, seus olhos focaram as mãos do doutor, foi amor a primeira vista e apesar do anel exagerado de ouro, as mãos eram normais, com dedos nem grossos nem finos, apenas normais.
O médico demonstrou sensibilidade, ao saber que estava com dor, disse ao meu amigo que não faria qualquer toque, apenas queria olhar. Mal saíra do consultório, a esposa preocupada ligou querendo saber como tinha sido no médico. Ele respondeu que a única coisa que o preocupava era o exame que o doutor lhe mandara fazer, começava com RETO seguido de um palavrão indecifrável. Mais tarde descobrira que o tal palavrão era RE-TOS-SIG- MO- DOI – SCO- PIA, isto mesmo retossigmodoiscopia.
Agora a agonia do meu amigo é saber como é feito este exame, pelo nome não deve ser nada bom.

Jcarval.

terça-feira, agosto 03, 2010

Cheia de Júbilo

Se eu acreditasse em reencarnação diria que minha filha Júlia em alguma vida passada pudesse ter encarnado uma Joana Darc ou uma madre Tereza. Nunca vi criatura mais dócil, mais iluminada e digo mais, se acreditasse no processo de reencarnação, Júlia estaria na sua última passagem pela terra, certamente com esta encarnação ela teria alcançado o nirvana. Como não acredito em nada disso, digo que fui presenteado com uma estrela que brilha em nosso lar desde que nasceu.

No último ano levei comigo para Cabo Frio meu filho João Mateus (aos 13 anos) e escrevi sobre esta fabulosa aventura. Eu e João nos divertimos muito e comemos muito, lá ele dirigiu nosso carro pela primeira vez e me surpreendeu pela sua habilidade.

Este ano, Júlia me cobrou: - Pai eu quero ir com você para Cabo Frio,só nós dois!
Na semana passada tomei coragem e carreguei minha filha comigo, entre as diferenças de viajar com Júlia e João posso citar o volume da bagagem, a da Júlia foi duas vezes o volume do João.
Viajar com Júlia foi sublime, ri muito das suas histórias e observações, não tive qualquer aborrecimento (por incrível que pareça com João também não!), apenas alegrias.
Júlia é tão generosa que quando visitamos o canil municipal instalado lá na Fazenda Campos Novos, o animal que ela mais se apegou foi uma cadelinha paralítica que corria toda feliz atrás dela pelo gramado arrastando as duas patas traseiras.
Na casa de nossos amigos, onde ela ficou hospedada a família quase a adotou, todos me diziam o quanto ela era agradável.
Meus programas com Júlia também foram diferentes em relação ao João, com Júlia o foco não foram restaurantes e lanchonetes, mas a sorveterias e docerias. Passeamos para olhar vitrines e fizemos compras em lojas de roupas e souvenirs.
Júlia é um exemplo, um grande aprendizado para mim, conviver com ela é estar todo o tempo em contado com a simplicidade, com a tolerância e compaixão, é também conviver com a espontaneidade e ingenuidade.
Se eu pudesse descrever Júlia numa só frase eu diria que ela reflete o significado do próprio nome; cheia de Júbilo.

Relatório de viagem de um pai conscientemente coruja.

quinta-feira, julho 29, 2010

Rapsódias em Campos Novos

O céu está esplêndido. Aqui na fazenda Campos Novos eu me delicio em meio aos resquícios de uma história que envolve várias histórias. A história da Companhia de Jesus na região, a história escravagista, a história rural, mas sobretudo, a história de pessoas, algumas ilustres, outras anônimas.
Em cada canto desta fazenda é possível encontrar um fóssil, uma ruína, fragmentos dessa história tão intrigante,tão desconhecida.
Neste momento estou tentando desvendar os itens que constavam na Capela de Santo Inácio quando a fazenda foi inventariada em 1759, o texto necessita um especialista em transcrição... mas pude identificar alguns itens, tais como:
Um oratório em cima do dito caixas com um crucifixo e duas ....................nos lados nossa senhora da conceição e santo Ignácio.........
Uma pia batismal de .....................mármore movediça...
Duas imagens de nossa senhora e são José....
Uma imagem de santo Ignácio no meio do altar por...
Duas imagens de nossa senhora da conceição e menino jesus que...
A fazenda após ser leiloada pela coroa, pertenceu a um Português, Manoela Pereira Gonçalves. No início de século dezenove um padre da ordem de cristo chamado Joaquim Gonçalves Porto, comprou a fazenda, reza a lenda que ele era negro, um busto dele foi construído e colocado dentro da capela, o povo da região o venerava tanto quanto a santo inácio.
Jonatas.

quarta-feira, julho 07, 2010

Normalização.

O ano é 2018, Fernando e Ana voltavam de uma festinha na casa de uns parentes. O carro que Fernando dirigia, além de Sandra, encontravam-se Ana, sua irmã e Sérgio marido de Ana. O papo era animado, embora Fernando deixasse transparecer alguma tensão, as duas irmãs comentavam a festa. Sérgio, sentado no banco de trás ao lado de Ana, observava atento a estrada. Fernando, porém com a visão privilegiada, observou de longe no alto os balões mais temidos pelos motoristas noturnos. Alguns metros à frente Sérgio percebeu que alguns veículos efetuavam manobras para não passar pela blitz da operação tolerância três zeros. Os balões, cujas cores diferentes distinguiam cada um dos “zeros”, a operação tolerância “zero de álcool” era representada pelo velho balão branco, o balão laranja era da operação “zero de energético” e o vermelho era o da operação “zero de gordura.”
Fernando ao volante, como de costume sempre que dirigia procurava evitar consumir quaisquer substâncias duvidosas, mas desde que a resolução conjunta do ministério da saúde e o ministério da justiça determinou que a lei de tolerância três zeros se estenderia a todos os ocupantes dos veículos, passou a se preocupar com quem carregava na carona. Principalmente pelo fato de que as três substâncias em questão, agora estava na lista da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), de substâncias controladas. Quando Sandra se deu conta do que estava por ocorrer questionou Fernando:
– O que vamos fazer?
– Não sei. Eu estou zerado. Respondeu. Imediatamente Sérgio se manifestou.
– Pessoal, eu comi dois hambúrgueres ontem!
– Puta que pariu! Proferiu Ana.
– Você me prometeu que ia parar com esta merda Serginho!
– Vamos ter que voltar. Sentenciou Sandra.
– Por quê? O exame da gordura só acusa para casos com menos de 24 horas! Replicou Fernando.
– Mas tem mais uma coisa. Disse Sandra com ar de quem iria fazer uma confissão.
– Esta escova no meu cabelo... foi feita com formol. Despejou Sandra, como se assumisse um crime. O formol, diferentemente das outras três substâncias, entrou para a lista de substâncias proibidas.
– Ah não! Porra Sandra onde você conseguiu formol! Esbravejou Fernando.
– Isso não interessa agora. É melhor encostar ai na frente e tentar retornar!
– Interessa sim amiga. Contestou Ana.
– Também quero a fonte, afinal só neste mês, lá no nosso bairro, descobriram mais de cinco salões de cabeleireiros clandestinos e as escovas nos salões legais triplicaram de preço.
– Agora não é hora pra isso Ana! Advertiu Sérgio.
– Você não se meta! Seu comedor de gordura. Não me venha dar lição de moral não!
– Não estou dando lição de nada, mas depois você fala sobre isso. Agora agente precisa retornar.
Fernando já jogara o carro no acostamento, esperava o momento certo para tentar o retorno, sabia que teria que dar uma volta enorme para chegar em casa. Indignado com Sandra, com a cara amarrada, deu meia volta na estrada e ligou o rádio do carro que acabara de instalar naquela semana. Agora não precisava mais de se preocupar com os decibéis, pois o aparelho que comprara já vinha com um sistema automático de limite máximo de volume permitido por lei.
Ao retomar a estrada, o ambiente já não era o mesmo dentro do carro. Sérgio voltou a olhar pela janela, Ana, apesar de curiosa para saber onde Sandra conseguira o formol, mantinha-se calada. Sandra por sua vez, sentia-se culpada, mas não pelo caso do formol e sim por não ter confessado que havia fumado dois cigarros naquela noite. A pena para quem constasse nicotina no sangue era de dez meses de serviços comunitários e a obrigação de participar de um programa de reabilitação. Os cigarros ela conseguiu com a dona do “salão” onde fez a escova, a proprietária transferiu tudo que estava na sua loja para o porão de sua casa, desde que a normativa que regulamentava os requisitos mínimos para a legalização dos salões de cabelos e manicures entrou em vigor dois anos antes.
Ana assim que desceu do carro, antes mesmo de entrar na casa, disse a Sérgio que no dia seguinte ligaria para Sandra e descobriria onde ela conseguiu fazer a escova de formol. Sérgio abriu a geladeira sem dar ouvidos para o que Ana falava, sentou-se ao sofá com uma lata de cerveja sem álcool e sem glúten e ligou a TV, enquanto Ana foi para o quarto com um copo d’água na mão, abriu a gaveta da cabeceira, apanhou um blizter com dois comprimidos do seu ansiolítico e deitou-se. Sérgio esperou Ana dormir e comeu um hambúrguer que havia escondido no armário.
Ao chegar em casa, Fernando foi deitar sem dar boa noite a Sandra, ela se jogou no sofá e ligou a TV sem dar uma palavra, estava louca por um café de verdade, havia pelo menos uns seis meses que ela não tomava um expresso. Os mercados só vendiam café descafeinado, as cafeterias legais exigiam cadastro dos clientes para controlar o consumo de cafeína. Fernando deitou-se e procurou relaxar, pensou que no dia seguinte, era um domingo, ele como de costume, receberia a família de Sandra e faria um churrasco com carne de soja e filé de peixe.

Jcarval.

quinta-feira, junho 24, 2010

A COPA DO MUNDO E O MUNDO DA BOLA NAS COSTAS.

Este mês o mundo estará atento a bola, pelo menos é isto que a mídia brasileira propaga. Não creio que esta será uma realidade mundial, afinal qual o interesse dos países não classificados em acompanhar a copa do mundo? O que dizer então dos países sem qualquer tradição futebolística distribuídos nos seis continentes.
Tomemos alguns exemplos: a Oceania é composta por 15 países, destes, no quesito futebol creio que apenas a Austrália e a Nova Zelândia são conhecidos, o restante, bem ai vai uma listinha dos outros 13 países: Fiji ; Ilhas Marshall;Ilhas Salomão; Kiribati; Micronésia (Federação dos Estados); Nauru; Palau; Papua Nova- guiné; Samoa; Timor-Leste; Tonga;Tuvalu; Vanuatu.
Vamos a outro exemplo; a África. Este gigantesco continente que foi partilhado feito bolo de fubá entre as potências imperialistas no século XIX e que atualmente é dividida em dois grandes grupos: a África Branca ou setentrional formada pelos 8 países da África do norte, mais a Mauritânia e o Saara Ocidental, e a África Negra ou subsaariana formada pelos outros 44 países do continente. Este enorme continente hoje conta com 54 países independentes, destes, apenas seis foram a copa neste ano, um recorde na verdade. Entre os classificados para a copa da África estão: Gana, África do Sul, Camarões, Costa do Marfim e Nigéria, representando a África negra, a Argélia (a parte Árabe ao norte do continente).
No caso americano a situação não é muito diferente dos outros continentes. O continente americano é dividido em três: o Norte-Americano com 3 países independentes; Canadá, Estados Unidos e México, os dois últimos participam da copa da África. Na América Central há 7 países independentes mais o Caribe (região insular da América Central) que possui 13 países independentes (fora os 11 territórios), totalizando 20 países. Para a copa de 2010 apenas Honduras de classificou (apesar do belo time da Costa Rica), logo em todo esse universo de países, apenas um disputa a copa do mundo. Já na América do Sul, a participação dos países muda significativamente, dos 11 países (não contei as duas Guianas), 5 estão disputando a copa na África.
A Europa é o continente que mais possui vagas para disputar copas do mundo, são 13 vagas, para 50 países e 8 territórios. Na América do sul e África, por exemplo, são 5 vagas para cada um dos continentes, isto é, os dois continentes juntos não dão a Europa. Dentre os países europeus, na eliminatória para a copa da África, 53 disputaram as 13 vagas. Logo a distribuição desigual só se justifica por um quesito o PIB. Sem falar em números, creio que apenas dizer que enquanto a Europa (como continente) agrega o maior PIB do mundo, o PIB de toda África representa apenas um pouco mais de 1% do PIB mundial, sendo que a África do Sul sozinha representa 1,5% do total do PIB da África.
Feito esta exposição, o que se evidencia é que o mundo da bola é muito menor do que parece. Esta história de que o futebol A ou B tem mais tradição que o C e D não passam de argumentos inventados, como disse Hobsbawm muitas tradições são inventadas para a manutenção do status quo. A tradição neste caso me parece ser puramente econômica, o time dos EUA pode ser usado como exemplo, participou das duas primeiras copas do mundo (1930-1934), depois só voltou a disputar em 1990, desde então, graças a investimentos pesados, classificou-se para todas as copas subseqüentes, embora o máximo que tenha chegado numa copa foi a disputa das quartas-de-final contra a Alemanha em 2002.
O mundo da bola, ou o mundo da FIFA que nesta copa, estima-se, faturará 4 bilhões de dólares, destes, 75% vem dos direitos de transmissão televisiva, com a participação de 400 emissoras e estimativa de atingir 30 bilhões de espectadores ao longo das 64 partidas transmitidas, ou seja, uma média de 468 milhões de telespectadores por partida. Em um mundo cuja população mundial atinge a casa dos 6.8 bilhões de pessoas, o acesso ao mundo da bola é ainda restrito.
O mundo onde 75% da população vive com menos de 2 dólares por dia, onde 22% são analfabetos, metade nunca utilizou um telefone na via e apenas 0,24% possui internet, contrasta com o evento bilionário de futebol. A África, sobretudo, há anos toma “bola nas costas” dos países ocidentais, o que restará quando a copa acabar? Alguém acredita no “legado” deixado para África, como afirma a FIFA? Eu duvido.
Jonatas C. de Carvalho

sexta-feira, junho 04, 2010

A VIDA QUE TEMOS E A VIDA QUE QUEREMOS.

Marx percebeu ao olhar o processo de industrialização europeu, uma contradição; o desenvolvimento e crescimento econômico dividiu a sociedade em classes sociais distintas, de um lado os industriais capitalistas cada vez mais ricos, do outro o trabalhador assalariado, sua única riqueza, era sua mão de obra.
Nem sempre temos a vida que desejamos, na maioria dos casos, se perguntamos a alguém se gostaria de alterar seu modo de viver, a resposta certamente será um sim. Por quê? As pessoas são insatisfeitas por natureza? Ou seria o fato de todos sermos fruto de uma sociedade de consumo? Mas antes do capitalismo, a espécie humana não era assim?
Esta dualidade existencial já era apontada em vários textos do passado, poderemos constatá-la em Shakespeare, a tensão entre a vida que temos e a vida que gostaríamos de ter, não é um fenômeno dos nossos tempos. Durante toda a história da sociedade veremos esta tensão, poderíamos até afirmar que de certa forma a história do gênero humano é a história da insatisfação.
A insatisfação, no entanto, não é um mal em si. Graças a homens e mulheres insatisfeitos é que a espécie conseguiu sair da condição de nômade para sedentário. Conseguimos criar instrumentos, ferramentas e tecnologias para realizar sucessivas descobertas.
Quando, porém, a insatisfação no âmbito pessoal nos afeta diretamente o que fazer? Quantos de nós preferimos no conformar. O ritmo da vida que levamos, as vezes contribui para isso, trabalhamos tanto que não nos damos conta que não era bem assim que queríamos viver. Mas fazer o que? Se é assim, então só nos resta agradecer pelo emprego que temos, ainda que nossa remuneração não nos possibilite a ter o que gostaríamos.
Hoje eu estava na cama com duas mulheres maravilhosas, minha mulher e filha, assistíamos a um filme muito emocionante de um cão que esperou por nove anos seu dono voltar em uma estação ferroviária. Enquanto contemplava minhas meninas chorar nesta emocionante história, percebi, a sorte de vida que tenho.
Durante meus primeiros anos de casado não tinha nem tempo, nem paciência para os pormenores familiares, não podia prestar atenção as necessidades básicas da família, que em muitos casos, era apenas de atenção. Eu estava muito ocupado, preocupado com a vida que queríamos, com isso não podia notar a vida que tínhamos, por muito pouco, quase perdi ambas.
Creio que minha carreira de historiador, associada as lições da própria vida, me ajudaram a perceber que o passado e o futuro não fazem sentido algum sem a concretude do presente.
Viver o presente é realmente o que me interessa hoje, participar do crescimento e educação dos meus filhos, ouvir atentamente seus conflitos, tomar sorvete no frio, assistir romances, jantar em família, churrasco de domingos...
Ainda tenho sonhos....não, não me acomodei, apenas entendi que não sou um ser isolado neste mundo, apesar de procurar frequentemente o isolamento, hoje sei que há mais, sei que existe “um nós” e não apenas “eu”. Mas adivinhem “eu” estou adorando este negócio de “nós”. Como diria Nietzsche; aquilo que se faz por amor, está sempre além do bem e do mal.

Jcarval.

terça-feira, junho 01, 2010

INSANIDADE POLÍTICA MUNDIAL

As teorias behavioristas entendem por insanidade a repetição de certos comportamentos associados a expectativa de resultados diferentes, isto é, repetir os erros e esperar que as conseqüências sejam outras.
A partir desta perspectiva poderíamos afirmar sem temor, que a sociedade é insana. Afinal, por anos repetimos todo o tipo de comportamentos sociais contraproducentes em detrimento da própria sociedade. Citarei alguns destes comportamentos no âmbito da política, e aqui defendo que, a ambição de poder e a ganância dos poderosos, estão intrinsecamente relacionadas com este tipo específico de insanidade. Vamos aos exemplos:
Apesar de a comunidade científica apontar para os problemas e conseqüências do aquecimento global desde a década de 80, os EUA não assinaram o protocolo de Kioto em 1997. O protocolo de Kioto foi conseqüência de uma sucessão de estudos e eventos internacionais, dentre estes eventos citamos a Conference on the Changing Atmosphere, (Canadá 1988), e a ECO 92, no Brasil. O comportamento insano veio a se repetir, não inteiramente, mas parcialmente no Fórum mundial do clima em Copenhagen em 2009, onde as metas apresentadas pelos países poluentes (e isto inclui o Brasil), estão longe de serem alcançadas.
Esta semana temos um exemplo mais interessante sobre este tipo de insanidade. Israel atacou um navio de ajuda humanitária em mares internacionais, matando nove pessoas, ferindo várias e até amanhã irá deportar o que restou, o que para mim não é novidade. A insanidade não está nisto, mas sim na reação internacional, ou seja, os órgãos multilaterais repudiam o ataque, alguns presidentes de países europeus condenam as ações de Israel e pedem que se retomem as negociações de paz. No Oriente médio, as populações vão às ruas, queimam as bandeiras de Israel, os líderes muçulmanos alegam “terrorismo de Estado” e incitam o povo palestino a reagir. O Conselho de Segurança da ONU condena o ataque e pede que a investigação dos fatos, enquanto os EUA evitam manifestar-se veementemente, alegando ser mais prudente aguardar os resultados das investigações.
Se olharmos os últimos ataques de Israel seguidos de morte de civis, seja em Gaza, seja nas regiões (como na Cisjordânia), onde o projeto de ampliação dos acampamentos judaicos segue com as derrubadas de casas de palestinos, a reação internacional é sempre a mesma. Entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009, Israel em mais um ataque de “reação” desproporcional descarregou um bombardeio matando mais de 1.400 civis, dando início ao bloqueio a Gaza, sob a alegação de impedir que o Hamas e outros grupos recebam armas de Síria e do Irã. Passaram três anos, desde então e o bloqueio segue.
O ataque a um navio em mares internacionais, cuja tripulação seria composta de ativistas de várias nacionalidades poderá servir de “moeda de troca”, nas negociações sobre o desbloqueio a Gaza, mas está longe de ser suficiente para uma discussão mais ampla sobre a paz. Isto porque os EUA não irão pressionar Israel, já que o mesmo é o braço do Tio San na Região. Braço nuclear, diga-se de passagem, afinal Israel possui um programa nuclear clandestino, conforme o relato do professor de relações internacionais da UNB, José Flávio Saraiva, embora só o Irã receba sanções. A insanidade, nestes casos, são resultados de comportamentos motivados pela conveniência política. Conveniência esta que, implica na manutenção do status quo, dos acordos políticos e na manutenção do poder.
Esperarmos uma mudança nas relações no oriente médio que vislumbre a paz, significa esperarmos mudança nas reações dos organismos internacionais, que passa por pressionar os EUA em agir no sentido de criar o Estado Palestino. Se tal esforço não ocorrer, o que veremos por muito tempo ainda, para infelicidade do povo palestino, é a insanidade política repetindo-se ano após ano.

Jonatas C. de Carvalho.

sábado, maio 29, 2010

MOVIMENTO “GENTE QUE PENSA O BRASIL”.

MOVIMENTO “GENTE QUE PENSA O BRASIL”.
Petrópolis 23 de maio de 2010.

O domingo de 23 de maio de 2010, teria tudo para mais um domingo como os outros. Café da manhã em família (na minha casa especificamente, o conceito de família aos finais de semana, ganha uma proporção, digamos, mais abrangente!), churrasco e cerveja, futebol com o Galvão e o Fantástico. Teria, mas não foi. Isto porque já no café da manhã a família à mesa (no sentido abrangente!), resolveu discutir sobre a questão do projeto “ficha limpa”, aprovado na câmara com uma conjugação verbal sínica. A indignação tomou conta do ambiente, até minha irmã caçula dizer:
– Esses deputados acham que a gente não pensa! Imediatamente ela levantou seu copo de café com leite e disse:
– Precisamos mostrar para esses caras que nós pensamos, eu pago uma fortuna de IR , então não podemos nos calar diante disto!
– Isto mesmo! Dizíamos (apenas o Josué, com uma faca de manteiga na mão e a boca cheia de bolo de côco, observava em silêncio.)
– Vamos encher a caixa de entrada desses caras com e-mails de protestos! Disse a Tati (que é parte da família abrangente dos finais de semana.)
– Podíamos criar um movimento social participativo! Sugeri.
– Isto mesmo! Vamos mostrar a eles que o povo não é burro! Disse Malau (a grande mãe da família abrangente!)
Além do Josué, Joãozinho com seu boné ao contrário, fitáva-nos ainda sonolento. Enquanto o falatório tomou conta do mesa, eu refletia sobre o que era dito. Voltei a sugerir:
– Que tal: Movimento Pela Ética Política e Social Brasileira! Continuei. – Poderíamos atuar sob duas diretrizes, ou dois eixos temáticos: Ética na Política Brasileira e Ética na Sociedade Brasileira. Na primeira, teríamos por finalidade apoiar projetos como o “ficha limpa” e a reforma política”. Na segunda, apoiaríamos todo tipo de injustiça social impetrada pelos ausência de ética do sistema capitalista brasileiro.
A discussão se alongou, eu fui eleito secretário e mentor do movimento, decidimos que o movimento criará um Blog, e usará as redes sociais da internet para atrair novos membros. O movimento será apolítico, democrático e participativo. Com a incumbência de redigir o texto de criação do movimento e suas diretrizes centrais, me levantei da mesa, nesta manhã de domingo, com a certeza de que esta família é muito unida, desajeitada, briga por qualquer razão, abrangente, mas pensa.

Jonatas C. de Carvalho é Secretário Geral do MEPSB. (Movimento Pela Ética Política e Social Brasileira).

quarta-feira, abril 14, 2010

Quase Famosos

Nunca me vi em um filme como quando assisti “Almost Famous" (Quase Famosos). Dirigido por Cameron Crowe, composto por um elenco merecedor de várias estatuetas, como foi com Kate Hudson, que levou o de melhor atriz coadjunvante no Globo de Ouro em 2001, seu primeiro grande prêmio. Talvez, seja porque eu tenha visto na história da personagem de Patrick Fugit, o jovem William Miller, minha própria história. Na verdade eu nunca conheci uma banda de rock tão de perto, nem faço parte da geração dos anos 70, já que nasci em 1969, mas me sinto intimamente ligado a esta geração. Meu primeiro contato com a música foi na escola de música da igreja, meu primeiro instrumento foi o violino e eu tinha 12 anos. Hoje aprecio muito este instrumento, assisto as filarmônicas e seus solistas. Mas aos 14 anos me deparei com o instrumento que mudou minha relação com a música; a bateria. A bateria não era bem vista pelos cristãos naquela época, era um considerado “instrumento do capeta”, a teologia progressista serviu para desarticular este discurso e eu vi com meus próprios olhos a primeira bateria a entrar na minha igreja. Nunca aprendi tocar bem bateria, depois eu tentei o violão, a gaita e muitos outros, até descobrir que eu não era músico, mas apenas um apaixonado por música. Voltando ao filme, apesar de me ver naquele garoto de 15 anos e reviver momentos mágicos da minha juventude, sei que este filme não é sobre mim, mas sobre uma geração inteira que vivenciou um momento histórico da música mundial: o advento do Rock end Roll. É um filme sobre o poder de encantamento do Rock, mas também é sobre a descoberta do amor, da ruptura da inocência, do paradoxo existencial de viver no mundo real e sonhar com uma vida livre. A história se passa em 1973, o mundo nesta época vivia mais uma das muitas crises cíclicas do capitalismo: a crise do petróleo. Enquanto isso, Elvis Presley, mais maduro, fazia o concerto "ALOHA FROM HAWAII”. Por outro lado, foi o ano da efervescência do rock progressivo, em 1973 o Led Zeppelin lançava “Houses of the Holy” (Templos Sagrados), o Jethro Tull “A passion Play”, o Pink Floyd “Dark Side Of The Moon” e o Black Sabbath lançava “Sabbath Boody Sabbath”, só para exemplificar. Uma imansa massa de jovens vivia à sombra do Woodstock, de Hendrix, Joplin, Dilan e muitos outros. O que me encantou neste filme, foram os olhares de perplexidade daqueles jovens diante de seus ídolos. Essa juventude, ainda hoje mal interpretada, deu uma lição ao mundo protestando contra as guerras e a exploração da pobreza. Movimentos como a “contracultura”, que teve seu inicio nos anos 60, pregava o desapego material ao detectar o fracasso do capitalismo e um reencontro com a natureza muito antes da explosão dos movimentos ecológicos. Nos EUA dos anos 1970, muitos hippies eram ex-soldados que retornam do Vietnã e não viram sentido continuar naquela vida de "time is money". Ainda sobre o filme de Crowe, não posso deixar de mencionar sua trilha sonora, é nostálgica para alguns da minha geração, contendo músicas como “Sparks” (The Who), "Tiny Dancer" (Elton John), "América" (Simon & Garfunkel), “Thats the Way” (Led Zeppelin) e muitas outras que conduzem aos amantes do Rock a uma espécie de “nirvana”. Hoje sou um homem, que estuda e trabalha. Assisto a documentários, na maioria do tempo estou ocupado com minha atividade profissional. Ninguém suspeitaria, pela minha postura atual, mas há algo dentro de mim que me mantém ligado a um passado, inconsequente talvez, mas profundamente marcante. Toda vez que assisto a filmes como “Quase Famosos”, o adulto dentro de mim balança "e o menino me dá a mão", me levando de volta a um mundo que não existe mais, embora esteja vivo nas minhas lembranças.

sexta-feira, março 05, 2010

Meus dias de Baby Sitter (CONTINUAÇÃO)

Quarto Dia -26/02/2010.
Hoje o dia não está chuvoso, dei uma limpada no carro do patrão, encontrei uma mossa no capú, fiquei temeroso de ele achar que possa ter sido eu.
As meninas acordaram às nove, a mãe da patroa está mais tensa que nunca, o gás acabou e ela esbravejou com a Glória, por não encontrar um imantado na geladeira do disque-gás.
Eu organizei as coisas, as crianças estão brincando, fico impressionado como as duas se entendem bem. Em momento algum rolou stress, elas são maravilhosas.
Estou com saudades de casa, dos meus filhos, da minha querida esposa e da minha cama. Estou levando meus livros (uns cem livros) que trouxe de Cabo Frio, não sei onde os colocarei, mas fico feliz que estejam comigo novamente.
Comemos uma refeição “Gloriosa” (strogonoff da Glória), subiremos a serra em breve, D. Helena não para de falar neste assunto. Antes de subir, fui à escola da Ana Clara para deixar os trabalhinhos que eram dever de casa e passamos na locadora para devolver o filme que alugamos no dia anterior.
A sensação de dever cumprido é ótima, mas me sinto retribuído de verdade ao contemplar o sorriso infantil dessas meninas, ou, o brilho em seus olhares.

Para contratar este Baby Sitter ligue:
24 2222 7435 / 24 8841 9412 - 22 8826 6520
Ou envie um e-mail para:
jonatascarval@hotmail.com
babysitterposmoderna@gmail.com

Meus dias de Baby Sitter (CONTINUAÇÃO)

Terceiro dia 25/02/2010.
O aprendizado ao se lidar com crianças é constante, Ana e Luiza, são duplamente perspicazes. Fascina-me perceber o quanto são inteligentes e o quanto estão atentas a detalhes que sou incapaz de perceber. Não tenho dúvidas que subestimamos as crianças quanto a sua capacidade de percepção.
O ritmo das coisas por aqui está tranqüilo. A única criança desta casa que a cada dez minutos entra para interromper meus estudos tem 67 anos.
Ana ficou meio molenga para ir à escola, eu orientei a todos que não desse muita confiança, e, para variar propus um acordo; compraria esmaltes da Hannah Montana. Claro que fiz minhas exigências, elas deveriam arrumar a bagunça e obedecer ao tio, foi fácil e eu cumpri integralmente minha parte.
Com a Ana na escola, Luiza apossou-se do computador. Eu que havia acordado as 7:30h, deitei-me no sofá e assisti a uns filmes. A chuva veio, veio forte e depois ininterruptamente molhou nossa tarde de quinta-feira.
Eu e Luiza fomos buscar a Ana Clara na escola, ao sairmos das dependências da escola, Ana colheu duas flores no canto da rua e me presenteou, outra vez me comoveu. A chuva não dava trégua, propus que fizéssemos um cinema em casa, a proposta foi alegremente aprovada. Confesso que senti um frio na espinha ao entrar no Gol do Patrão com dois guarda-chuvas totalmente molhados, percebi que eu teria que limpar este carro novamente amanhã.
A chuva serviu como motivação para uma sessão de cinema, assistimos um ótimo filme, acompanhado por pão de queijo e suco. Por volta das dez, me deitei com as meninas e contei algumas histórias tenebrosas, já havia me esquecido do quanto era bom contar histórias para dormir. Elas mergulharam no sono profundamente e eu aliviado por mais esse dia.
Boa Noite meus anjinhos!!

Meus dias de Baby Sitter (CONTINUAÇÃO)

Segundo Dia: 24/02/2010.

O dia amanheceu infernalmente quente. Eu e as meninas acordamos por volta das nove horas, mamãe e Glória já estavam a todo vapor. Creio que com a atual crise no mercado para magistério, posso iniciar um novo nicho, já que uma baby-sitter normal não faz o que eu faço. Seria necessário pensar um outro nome, já que baby-sitter não corresponde ao número de ações que sou capaz de realizar. A seguir listarei a sequência de ações que imagino uma baby-sitter normal não seria capaz de realizá-las:
 - Fui comprar pão com o Cross Fox da patroa e o deixei para lavar no posto, o rapaz do posto me deixou em casa e levou o carro para uma geral (infelizmente o pão voltou no carro para o posto!)
 - Passei a manhã toda retirando malwares e spywares do computador, mensagens como “seu Windows não é original”, e outros, a máquina ficou limpíssima.
 - Fui limpar a piscina, já que a Ana não foi a escola, então as duas (Ana e Luiza) poderiam se divertir na água, o melhor lugar para estar nesta temperatura.
 - Fui ao banco pagar a mensalidade da escola da Aninha, na ida, deixei o gol do patrão para lavar e peguei o Cross Fox da patroa, paguei a fatura, passei na farmácia para compra uma seringa de vacina para posteriormente aplicar na mãe da patroa. Retornei ao posto para buscar o gol do patrão.
 - Ao chegar em casa, entrei na internet para fazer alguns exercícios da disciplina on-line do curso de graduação do patrão, fiz as aulas 1 e 2 e confirmei presença.
 - Levei a Ana no Balé que durou das 19h às 20h, aguardei o término enquanto lia o texto de Michel Foucault (“Nietzsche, Freud, Marx” – Ditos e Escritos – 1967) e, conversava amistosamente com as mães das outras meninas.
 - Após o Balé fomos ao Mac-Donald, as meninas compraram um Mac lanche feliz e eu um magnífico.
Acho que não é fácil encontrar um Baby-sitter com tais atribuições.
Logo após o lanche, a Ana apresentou seu primeiro sinal do dia de saudades e este Baby-sitter, pela primeira vez se comoveu. No carro, no caminho de volta, podia ouvi-la chorar, eu fazia que não estava dando atenção, tentando distraí-la. Ela se aproximou por trás do meu banco, ao olhar à esquerda, em direção ao sinto de segurança, percebi sua mãozinha próximo ao meu ombro, coloquei minha mão direita sobre a dela, dirigia somente com uma mão. Ela apertou minha mão com força, sem pronunciar uma palavra, apenas chorava baixo.
Ao chegarmos em casa, conversei com ela no carro, perguntei o que eu poderia fazer para ajudá-la, ela não sabia dizer. Então eu a coloquei no meu colo e a abracei, não me lembrava mais do poder terapêutico do abraço, aos poucos ela foi parando de chorar, ela me abraçava fortemente, aos poucos foi relaxando, ficamos ali por uns dez minutos. Entramos, ela foi tomar banho e dormiu como um anjo.
Os pais se culpam pela falta de tempo com os filhos, as mães trabalhadoras, geralmente são acusadas de buscar sucesso profissional em detrimento da maternidade. Para este humilde baby-sytter, tais críticas são fruto da hipocrisia social, visto que nossa sociedade nos impulsiona ao topo do mundo. As mulheres se queixam por terem que trabalhar tanto, mas as que se dedicam ao lar exclusivamente são olhadas como preguiçosas ou incapazes e sentem-se de um modo geral, assim como as que estão no mercado de trabalho, frustradas.
Não há formula mágica para educar filhos, os pais de hoje se culpam por ficar tempo demais longe dos filhos, mas as famílias do início do século passado, embora vivessem mais tempo juntas, não tinham a consciência da qualidade do tempo. Casava-se por acordos, não por amor, os filhos, isto é, a prole, era educada entre as famílias burguesas pelas amas de leite e empregados. Hoje sabemos que o que faz com que as crianças sejam emocionalmente saudáveis é a disponibilidade do afeto e afeto não falta a estas meninas.

Meus dias de Baby Sitter

Há muito tempo que não escrevo aqui! Acho que é porque ninguém lê!
Mas resolvi, transcrever uma série de narrativas sobre experiências vividas recentemente.

Meus dias de Baby Sitter

Minha Irmã querida foi para a Argentina a trabalho na mesma semana que a empresa nova de meu cunhado o enviou em treinamento para Campinas. Coube-me supervisionar minha sobrinha que ficaria com minha mãe e a empregada. Quando cheguei (no Domingo), tive uma agradável surpresa ao saber que minha outra sobrinha (filha do meu irmão!), também passaria a semana conosco. Não sabia que minha família me amava a esse ponto! Deixar aquelas duas criaturinhas uma semana inteira comigo, é muita prova de amor! Não?
Primeiro dia: 23/02/2010.
Na terça eu retornava de Cabo Frio, com uma missão bem específica; levar a Aninha na psicóloga. Ao chegar descobri precisava comprar pão, também descobri que era eu que devia buscar minha sobrinha na escola. A Drª Simone pediu que adiássemos o horário de 19:50h para às 20:15h, achei ótimo pois poderia desta forma terminar de assistir o jogo do Barcelona. A luz acabou e não voltou, eu ia conferir o endereço da psicóloga na Net, dancei. Fomos obrigados a sair de casa mais cedo devido ao calor e a escuridão.
Chegamos cedo à psicóloga, errei o caminho na primeira, mas acertei na segunda tentativa. Foi tudo ótimo, ficamos fazendo hora por uma meia hora, depois verifiquei as obras de Miguel Ângelo e Salvador Dali em dois ótimos livros no consultório da Simone, enquanto aguardávamos o término da sessão. No interregno entre o fim da sessão e minhas leituras, respondia infinitas questões elaboradas pela sogra do meu cunhado.
Ao chegarmos em casa, a luz já havia retornado, tudo estava nos conformes, as meninas estavam bem, pois havíamos feito um pit stop para um picolé. Assistimos a um programa educativo antes de dormir, chamava-se “Piratas do Caribe”, onde tive a oportunidade de ensinar as meninas o real significado da pirataria. Terminado o filme, minha mãe contava histórias para as meninas no quarto, enquanto eu me espreguiçava no sofá, foi quando a Aninha veio até a mim e disse:
- Tio Jonatas...você dorme comigo lá no quarto!
- Acho que a vovó vai dormir com vocês! Respondi.
- Mas eu quero dormir com vocêêê, tio Jonatas!
Deitei ao lado da cama... as meninas logo pegaram no sono, mas ai, a luz acabou novamente e sem ela o calor tomou conta do quarto rapidamente, eram uma hora da manhã, a Aninha acordou e começou a chorar, porque estava com calor, e, porque sentia saudades de mãe e do pai. Após uma rodada de negociações sem resultados concretos, decidi apelar:
- que tal dormirmos no carro com o ar ligado???!!!
Elas toparam na hora, quarenta minutos depois retornávamos para a cama, ainda sem luz, mas as meninas estavam com muito sono e voltaram a dormir rapidamente. A luz retornou meia hora depois e eu, bom, eu perdi sono, voltei para o sofá. Tentei assistir uns programas de conteúdo adulto na TV, mas não tinha a senha, me contentei a assistir o jogo de hóquei entre Letônia e República Tcheca, o sono veio e eu apaguei.
Fim, por hoje!