segunda-feira, agosto 15, 2022

PAITERNIDADE

       O dia de hoje foi de PAIparicos. Os filhos, já inseridos no mercado de trabalho, me levaram para comer e beber por conta deles, me presentearam...só alegrias. É surpreendente ver a mudança, outro dia eram pirralhos fazendo uma algazarra no domingo pela manhã para dar o presente (que a mamãe havia comprado) ao papai.

    A última vez que escrevi sobre a experiência de ser pai foi em 2015, aqui mesmo nesse blog. Escrevi sobre minhas dificuldades nesse papel social, o quanto isso nunca foi natural para mim, o quanto devo a mãe deles por terem se tornado quem são. Hoje me dei conta o quanto meus filhos são generosos, só a generosidade pode explicar tanto carinho para com um pai relapso.

    Mas não foi só isso que eu me dei conta hoje, também percebi o quanto eles já amadureceram, ambos estão comprometidos em seus papéis sociais, trabalho, família, amigos, namorados...

    João Mateus, que ainda faz das suas joanices, foi promovido no primeiro ano de empresa, mora com os avôs e ajuda a cuidar dos velinhos. Júlia, que ainda é nossa Jujuba, mora sozinha e está se tornando uma pedagoga com alto conhecimento no Método Montessori, aborveu a magia da mãe para lidar com crianças.

    Depois de comer uma costela no bafo e tomar umas cervejas, saímos de Secretário (distrito de Petrópolis), com destino a Itaipava para a sobremesa. Antes, porém, minha irmã Janete (eternamente Batatinha), fez todos chorarem com um singelo, mas profundo discurso sobre as motivações que a fez sair de Niterói para passar os dias dos pais com o irmão, ela vê em mim o nosso paizinho (cuspido e escarrado - ou esculpido em carrara); o Seu Manel. E todos sabem o quanto ele era querido, novamente, muita generosidade.

    No caminho para Itaipava, ouvi meus filhos comentarem sobre a paisagem de Secretário, trata-se de um lugarzinho ainda muito interior, que na adolescência eles chamavam de "aquele mato". Agora lá estavam os dois fazendo altos elogios ao lugar, louvando aquele som da natureza, a estrada de chão, o mato, diziam que viveriam felizes em um lugarzinho como aquele. Eu disse: - vocês estão ficando velhos. Riram.

    É curioso como nossa subjetividade é transitória, eles odiavam esse tipo de programa não faz tanto tempo, queriam badalações, praia, shoppings... Hoje adoram um barzinho e um violão e comer costela no bafo na roça. Belchior nunca esteve tão certo, "ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais".

In memorian de Manoel Carlos de Carvalho.