–
Hoje é dia das mães! Disse a profetisa!
Todos
acenaram positivamente.
–
As redes sociais estão tomadas de mensagens, poemas....
É!
Exclamavam....compartilhavam...
A profetisa fechou os olhos e continuou.
–
Mas não se esqueçam da rosa, da rosa...
–
Eu comprei um buquê! Bradou alguém na multidão.
–
Lembrem-se das mães sírias, palestinas, curdas, congolesas....
Silêncio
na multidão.
–
Lembrem-se das mães negras, faveladas, periféricas.
Uma
pequena dispersão na multidão.
–
Lembrem-se das mães dos encarcerados, dos desaparecidos, dos injustiçados.
–
Lembrem-se das mães agredidas, das que pariram na rua, nas prisões,
–
Lembrem-se das mães abortivas,
desnutridas, estupradas, incestadas, humilhadas.
–
Lembrem-se das mães interditadas, da bala perdida, da dispensa esvaziada.
–
Lembrem-se das mães que hoje não poderão almoçar no shopping, que não porão à
mesa, que não ganharão sequer uma flor.
No
que abre os olhos, a profetisa só vê uma menina de pé a sua frente.
–
Para onde foram todos?
–
Embora. Respondeu a menina.
–
Por que você também não foi?
–
Porque a senhora estava falando da minha mãe. E sorriu.
Jonatas
Carvalho.
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