domingo, maio 13, 2018

SEGUNDO DOMINGO DE MAIO DE 2018.


– Hoje é dia das mães! Disse a profetisa!
Todos acenaram positivamente.
– As redes sociais estão tomadas de mensagens, poemas....
É! Exclamavam....compartilhavam...
A profetisa fechou os olhos e continuou.
– Mas não se esqueçam da rosa, da rosa...
– Eu comprei um buquê! Bradou alguém na multidão.
– Lembrem-se das mães sírias, palestinas, curdas, congolesas....
Silêncio na multidão.
– Lembrem-se das mães negras, faveladas, periféricas.
Uma pequena dispersão na multidão.
– Lembrem-se das mães dos encarcerados, dos desaparecidos, dos injustiçados.
– Lembrem-se das mães agredidas, das que pariram na rua, nas prisões,
 Lembrem-se das mães abortivas, desnutridas, estupradas, incestadas, humilhadas.
– Lembrem-se das mães interditadas, da bala perdida, da dispensa esvaziada.
– Lembrem-se das mães que hoje não poderão almoçar no shopping, que não porão à mesa, que não ganharão sequer uma flor.
No que abre os olhos, a profetisa só vê uma menina de pé a sua frente.
– Para onde foram todos?
– Embora. Respondeu a menina.
– Por que você também não foi?
– Porque a senhora estava falando da minha mãe. E sorriu.

Jonatas Carvalho.


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