terça-feira, agosto 17, 2010

Papo Reto(sigmoidoscopia)

O dia de hoje certamente nunca se apagará das minhas lembranças relacionadas ao sofrimento. Na atual circunstância nem me importo mais em revelar que o amigo oculto na crônica anterior na verdade era eu mesmo.
Meu sofrimento teve início na noite de ontem, desde que minha esposa chegou em casa com três frascos de phosfoenema, um produto a base de fosfato de sódio, contendo 130 ml cada, cujo objetivo é promover rapidamente a evacuação intestinal. Minha dignidade viril foi aos poucos de esvaindo na mesma medida que eu precisava introduzir um daqueles frascos no meu reto,o primeiro às 22 horas de ontem, e os outros dois na manhã de hoje.
O pior ainda estava por acontecer, ao chegar no consultório descobri que era necessário anexar a receita do médico uma autorização do meu plano de saúde para a realização do mesmo. Disse a recepcionista que eu já havia feito os procedimentos pré-exame e que de forma alguma me submeteria novamente a tal situação. Após a garantia que eu faria o exame, eu e minha esposa pegamos o carro e fomos até a sede da empresa do plano de saúde, estávamos dispostos a tudo, inclusive virar a mesa do diretor caso ele dissesse que só aprovaria o referido em cinco dias, como acontece com alguns exames.
De posse da autorização retornamos a clínica, ao entrar no consultório do médico, que por sinal foi muito gentil no trato pessoal, me explicando todos os detalhes do procedimento procurando tranquilizar-me, mas em seguida me deu uma dedada que ecoou em minha garganta. Meu reto já ardia (ou devo dizer meu cú) e doía intensamente, o doutor faz uma pequena correção na postura fetal em que me encontrava sobre a maca em seguida me disse que iria introduzir a mangueira flexível no meu ânus e que eu deveria relaxar, descontraír a musculatura.
Nunca pensei que eu poderia ter uma visão de mim mesmo tão profunda, o monitor a minha frente mostrou um túnel de carne que aprofundava a medida que eu sentia algo enterrar mais e mais no meu rabo. Por um momento achei que veria minhas víceras, comecei a suar frio, me senti enjoado e deixei automaticamente de olhar para aquele maldito monitor.
Apesar de rápido, um tipo de exame como esse deveria ocorrer na máximo uma vez na vida de um homem. Ao terminar, disse ao médico que esperava que ele considerasse meu exame de próstata feito antecipadamente, pois não suportaria ter que tomar uma dedada novamente.
O único aspecto positivo nesta história toda é que hoje tenho mais do que certeza da minha masculinidade, pois se aos quarenta anos um homem passa por tais procedimentos sem se sentir constrangido, desconfortável ou incomodado, certamente corre um enorme risco de "aviadar-se" em plena maturidade.
Não vou me estender mais, mesmo sentado sobre uma confortável almofada continuo com dor, não posso mais escrever... então fim.

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