Se por um lado é prematuro levar quaisquer pesquisas a sério faltando quase um ano para as eleições, por outro estas não devem ser completamente ignoradas. Afinal, para que servem tais pesquisas? Com quais intenções são solicitadas? Eu diria que são produzidas para construção dos cenários possíveis. Não se pode estabelecer metas eleitorais sem saber com certa antecedência, como está a cabeça do eleitor.
E o que revelou a última pesquisa do Datafolha? Me parece que o sinal mais evidente é que apesar de todos os golpes desferidos contra o Lula, este continua bem de pé. Em todos os cenários Lula lidera com folga, muito embora sua rejeição seja enorme (acima de 40%). Esse cenário favorável a Lula, que se repete pesquisa após pesquisa, indica aos seus maiores adversários que até aqui, suas estratégias não surtiram o efeito esperado. A única alternativa seria tirá-lo do páreo em 2018? Há aí, quem defenda que a única via possível é pela lei (diferencio aqui lei de justiça), a pressão sobre o tribunal da 4ª Região em Porto Alegre tende a aumentar, aliás, a apelação entregue pela defesa de Lula a este tribunal foi avaliado em tempo recorde. Outros projetos visam continuar a estratégia de fazê-lo “sangrar”, Lula precisa ser derrotado nas urnas, como defendeu o colunista Mário Vitor Rodrigues, na IstoÉ independente, cujo artigo teve por título "Lula deve morrer" (morte política).
Outra importante revelação é a situação do PSDB, há quem acredite que este está morto, eu temo que não. Os tucanos ainda são os preferidos nos setores financeiros, especulativos, rentistas ou seja; os poderosos. Alckmin consolida-se à frete do partido, enquanto Aécio foi lançado como boi de piranha, o governador de São Paulo é blindado pelas famílias da máfia da comunicação. O PSDB possivelmente vai apostar na polarização com o PT como vem fazendo desde a primeira eleição de FHC. Para isso é necessário tirar Bolsonaro definitivamente da jogada, o que ocorrerá fatalmente, sobretudo, com apoio da Globo e Veja. Sequências de denúncias virão para desmoralizar o homem e o político de ultradireita, como a última sobre o deputado ter empregado a ex-mulher e seus parentes. Não será difícil para os enxadristas tucanos jogarem Bolsonaro para fora do tabuleiro e, nessa tarefa, terão o PT como aliado. Ao PSDB falta apenas trazer o PMDB para o seu lado nessa disputa, sua máquina de propaganda já afundou o PT (mas também não matou), mas Alckmin sabe muito bem o que é debater com Lula.
Por fim, o que dizer de Marina e Ciro? Marina despenca nas pesquisas, perdeu a segunda colocação para Bolsonaro, acredito que terá dificuldades de construir alianças para lançar uma candidatura forte. Já Ciro poderá ser o maior beneficiado com uma possível retirada de Lula por decisão legal. Ciro é de longe muito mais articulado que seus adversários, em situações de debates ele engoliria Marina e Bolsonaro, sua maior dificuldade é convencer o mercado financeiro, Ciro aposta um pouco no modelo populista/desenvolvimentista e nacionalista de Getúlio e Juscelino, quem estudou a história sabe que não acabou bem para os dois.
Como escapar dessa polarização entre PT e PSDB? Dificilmente será possível uma mudança de cenário em 2018. O PMDB, caso tivesse um nome forte seria o única capaz de alterar essa situação, tudo indica, porém, que este adotará a mesma estratégia até aqui, isto é, aliar-se a um dos dois e requisitar ministérios estratégicos. Ao que parece o mesmo ocorrerá com o PP.
Obs: Não pude deixar de perceber a incrível queda de popularidade de Dória, aquele queridinho do MBL, creio que esta é a primeira e última vez que terá um cargo público com apoio de eleitores.
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