Enquanto escrevo estas linhas, o COVID-19 já matou 28.687 pessoas no mundo, no Brasil chegamos a 93 mortes um aumento em 19% de falecimentos em ralação ao dia anterior. A Itália chegou a quase mil mortes em um único dia, a Espanha 832. Os EUA é o primeiro país do mundo a ultrapassar mais 100 mil casos de infectados, registrando até o momento 1.711 mortes. Já são mais de 615 mil infectados no mundo.
Duas publicações científicas recentes, a revista médica Lancet e o "Estudo Global da Covid-19" do Imperial College de Londres, trouxeram prognósticos catastróficos sobre a evolução do vírus na América, citando o Brasil como o maior afetado. As pesquisas por aqui não são menos dramáticas, para começar, a taxa de letalidade do vírus que no início da pandemia chinesa acreditava-se ser inferior a 1%, os estudos recentes já falam em 2,7% (no Brasil). As pesquisas mais ponderadas sugerem que nossa taxa de mortalidade por Covid-19 poderá ultrapassar os 40 mil casos, outros estudos dizem que chegaremos a 100 mil infectados em 5 a 7 dias, atingindo assim a marca de quase três mil mortes.
A única solução para "achatar a curva", termo utilizado pelos pesquisadores estatísticos, é o isolamento radical, a OMS já declarou que o isolamento vertical não resolve, aliás não faltam experiências na Europa e outros continentes que compravam a ineficiência dessa prática. O prefeito de Milão, após a cidade registrar mais de 5 mil mortes, pediu perdão e reconheceu o erro ao apoiar a campanha "Milão não para" ignorando os protocolos da OMS.
Não tardará muito teremos prefeitos e governadores no Brasil passando pela mesma situação, os índices de mortalidade do vírus depende da reposta, o que implica em primeiro lugar ter testes com resultados rápidos e leitos equipados para os contagiados. No caso brasileiro sabemos que não dispomos de tal estrutura, portanto, se chegarmos a 100 mil casos em uma semana, esse índice de letalidade pode ultrapassar os 3%.
Acostumado a desconfiar das pesquisas (das eleitorais aos dados do INPE no caso da Amazônia, dentre outras), o presidente da república resolve também questionar os números da pandemia. Se não é novidade o comportamento do Messias ante a ciência e aos cientistas é "terrivelmente" assustador sua insistência na tese da "gripizinha" diante de tantos dados relevantes. Tal insistência fez com que ele fosse o único presidente de uma nação, citado nas publicações científicas, como quem ignora a ciência.
Bolsonaro faz uso de um tipo de utilitarismo neoliberal, um neoutilitarismo de extrema direita que está disposto a sacrificar vidas em nome de um bem maior: a economia. É claro que uma crise econômica também afetará vidas, mas voltar a "normalidade", não implicará na morte de 5 a 7 mil pessoas como supôs o proprietário da Madero ou o Roberto Justos. A volta a normalidade implicará em mais de 40 mil (podendo chagar a 100 mil) mortes, estará o presidente disposto a arcar com tal número? Negará, como tem feito até aqui, a responsabilidade pelo resultado? Os maiores economistas do mundo sabem que se a pandemia não for controlada o colapso econômico será inevitável. Pesquisas sobre como a ação radical implicou em recuperação econômica mais rápida na gripe espanhola estão sendo usadas para uma maior reflexão sobre que caminhos devemos tomar.
A liderança desastrosa de Bolsonaro até aqui vem servindo para insuflar uma parcela de radicais da classe média, como vimos ontem a carreata (dos carrões) na República de Curitiba. Não se trata de defender o "para tudo", é preciso agir com planejamento e bom senso para evitar um colapso de abastecimento e ao mesmo tempo seguir o protocolos de saúde. Não há um caso no mundo em que as propostas defendidas por Bolsonaro foram implementadas sem o arrependimento. Defender o isolamento de idosos ao mesmo tempo liberar o retorno às aulas nas escolas é de um contra senso inominável. Mas a batalha que Jair está travando terminará com sua derrota, espero que eterna. A justiça brasileira suspendeu o decreto presidencial que flexibilizava o isolamento social, agora a pouco também proibiu a propaganda "o Brasil não pode parar" (parecida com a adotada em Milão), em que o governo utilizou 4,8 milhões da União para tal campanha (dinheiro que poderia ter ido para a saúde). Por outro lado, governadores e prefeitos de todo o Brasil estão se unindo para neutralizar o presidente, um de seus grande aliados, Ronaldo Caiado, governador de Goiás, passou a sofrer ataques nas redes sociais, ao romper com a perspectiva do presidente. Por sinal, o "gabinete do ódio" está em plena operação, João Dória é a nova prioridade, recebi em um grupo de whatsApp um áudio, a voz de uma mulher dizendo que "Deus" teria lhe revelado que o Brasil foi curado do vírus, que um político chamado "Jorge Dória" (Deus errou o nome do sujeito) seria um enviado de satanás para destruir o país.
Jonatas Carvalho
3 comentários:
Fascista maldito
Fascista aqui não tem vez!
👏👏👏
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