sábado, fevereiro 04, 2017

O RIO SEM O MARACANÃ

O maior estádio de todos os tempos, um dos pontos turísticos mais visitados da cidade do Rio, é hoje também um símbolo da relação ineficiência da gestão pública e corrupção. Não é sem razão que o Maracanã é candidato a se tornar ícone do desgoverno, afinal, o Estado do Rio de Janeiro encontra-se entre os quatro Estados mais quebrados da federação, juntamente com o Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goias e Alagoas.  

Construído para a copa do mundo de 1950 o estádio custou o equivalente a R$ 260 milhões, mas foi a partir de 1999 na gestão do Governador Garotinho que a história das intervenções e de investimentos no estádio começam e terminam escabrosamente com Cabral e Pezão. Esse primeiro aporte de verbas tinha por intenção preparar o Maracanã para o Mundial de Clubes em 2000, ao todo o investimento foi de R$ 253 milhões, isto é quase o valor gasto em 1950 para sua construção. Em 2003 uma série de reformas estruturais se iniciaram com objetivo de preparar o estádio para o Pan de 2007. O investimento total da reforma chegou a R$ 428 milhões.

Vale lembrar que as obras do Pan foram estimadas em 2002 em em R$ 409 milhões, só no Estado do Rio o custo estimado sofreu aumento de 1.513% (de R$ 31 milhões para R$ 500 milhões). O desembolso da União se multiplicou quase por 11 (de R$ 138 milhões para R$ 1,5 bilhão, crescimento de 987%). A fatia da Prefeitura pulou de R$ 239 milhões para R$ 1,2059 bilhão (404% a mais). A obra do Engenhão é mais um exemplo clássico, inicialmente orçado em 2003 no valo de R$ 192 milhões, ao final foi entregue no Pan custando R$ 380 milhões, em 2010 o estádio apresentou problemas estruturais e até as olimpíadas de 2016 recebeu mais de R$ 100 milhões de novos investimentos. 

Voltando ao Maracanã, após quase meio milhão de reais colocados no estádio em 2007, o templo do futebol ainda não estava no padrão Fifa para ser palco da final da Copa do Mundo de 2014, a nova reforma fora estimada em um pouco mais de R$ 700 milhões, ao final esse custo chegou a R$ 1,12 bilhão, mas não parou por ai. O consórcio da Odebrecht recebeu ainda mais R$ 596 milhões para obras no complexo, ao todo o Maracaná custou R$ 2.397 bilhões para os cofres públicos. Por fim, após as Olimpíadas a situação do estádio é de total abandono. Esse é o legado deixado por nossos gestores públicos.

Só não diria que não tem nada mais depreciativo para o Estado, porque tem; a UERJ. A Universidade bem juntinha daquele que já foi o maior palco de futebol do mundo, tão abandonada quanto, é o retrato da falência de um Estado.
Jonatas Carvalho

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